segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

AUSÊNCIA


Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua

Sophia de Mello Breyner
In ‘Mar Novo’ (1958)

1 comentário:

  1. Eu

    Até agora eu não me conhecia,
    julgava que era Eu e eu não era
    Aquela que em meus versos descrevera
    Tão clara como a fonte e como o dia.

    Mas que eu não era Eu não o sabia
    mesmo que o soubesse, o não dissera...
    Olhos fitos em rútila quimera
    Andava atrás de mim... e não me via!

    Andava a procurar-me - pobre louca!-
    E achei o meu olhar no teu olhar,
    E a minha boca sobre a tua boca!

    E esta ânsia de viver, que nada acalma,
    E a chama da tua alma a esbrasear
    As apagadas cinzas da minha alma!

    Florbela Espanca

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