segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Elena Ferrante é bem capaz de me ter roubado a vontade de escrever

Estou quase a acabar o primeiro livro que comprei dela, é a primeira vez na vida que me vejo a poupar as páginas assim, é a primeira vez que não quero que acabe de maneira nenhuma, nem a ansiedade por o conhecimento do final me faz querer ler depressa. Elena Ferrante escreve de uma forma tão simples, tão cativante, tão encantadora que a cada página que viro fico cheia de inveja, quem me dera escrever assim. Já encomendei tudo o que há disponível no mercado escrito por ela, não vejo a hora de poder ler mais e mais. Elena Ferrante deixou-me maravilhada, deixou-me sem palavras, fez-me estremecer. Enquanto leio o que Elena Ferrante escreveu penso que escrever só devia ser permitido a quem o faz desta forma, a quem é capaz de mudar vidas, a quem é capaz de dar socos nos estômago, a quem é capaz de nos abanar a realidade, todos os outros deviam ser proibidos de escrever, principalmente eu. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Loira, a fashion bttista #2

Aposto que ninguém tem um plástico, digo, um casaco de montanha fashion pedalada mais giro que o meu.

Olá, eu sou a Loira e por culpa do Blog acho que vou entrar em falência

Eu não gosto só de ler, eu adoro de paixão os livros. O que quer dizer que compro, e compro, e compro ainda mais alguns, mesmo quando me emprestam livros, se gosto muito deles vou comprar a seguir. Não consigo ler senão em livros, aquele cheiro, as páginas de papel, o toque, a capa, os livros são lindos, são apaixonantes, são felicidade. Além dos livros que já comprei e ainda não li tenho uma interminável lista de livros que quero muito comprar, que quero muito ler ou que já li e quero muito ter. A cada livro que compro a lista aumenta uns dez e a cada dez que compro a lista aumenta uns cem. Há sempre um artigo que me sugere um livro ao qual não consigo resistir, há sempre uma promoção que os sites manhosos me espetam pelos olhos dentro através de mails (de certeza que já perceberam que não consigo resistir), há sempre uma pesquisa que fiz e que dá em mais uns tantos que vão parar à lista, há sempre as amigas que me falam de um livro, e de outro, e de outro, há sempre a Su, que sabendo que sou uma fraca não resiste a frisar as promoções dos sites manhosos que eu fiz de conta que não vi, para não comprar mais umas dezenas deles. E agora há também o Blog, que depois de um post, conseguiu aumentar uns trinta livros à minha lista, pior, estes são urgentes, estes são urgentíssimos, são livros que as pessoas me "ofereceram" num momento em que eu precisava de encontrar o meu livro ideal, são livros que as pessoas me sugeriram num momento em que no meio de tantas leituras eu estava meio perdida, são livros que tenho de comprar, de ler já. 


Olá, eu sou a Loira e por culpa do Blog, por vossa culpa, acho que vou entrar em falência. Obrigada, do fundo do coração, não vos consigo explicar o quanto é importante para mim aquela caixa de comentários ali em baixo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Os meus livros #68 - Diário da Bicicleta

Sinopse
Desde o princípio dos anos 1980 que David Byrne usa a bicicleta como principal meio de transporte em Nova Iorque. Há vinte anos, descobriu as bicicletas desdobráveis e começou a levá-las para as tournées e outras viagens de recreio. A escolha de Byrne deveu-se mais à conveniência do que a qualquer motivação política. E à medida que via mais cidades a partir da sua bicicleta, foi ficando apanhado por este meio de transporte e pela sensação de liberdade que o mesmo proporciona. Convencido de que o ciclismo urbano favorece um conhecimento mais profundo da pulsação e do ritmo das populações e topografias, Byrne começou a escrever um diário com as suas observações.
De Berlin a Buenos Aires, de Istambul a São Francisco, de Sydney a Nova Iorque, Diário da Bicicleta regista não só o que Byrne vê e quem encontra, como também as suas reflexões sobre world music, urbanismo, moda, arquitectura, e muito mais, numa combinação pessoalíssima de humor, curiosidade e humildade.


Como pessoa completamente apaixonada por bicicletas este era um livro que não podia deixar de ler, mas ao contrário daquilo que parece este não é um livro sobre bicicletas e sobre ciclismo, é uma colecção das reflexões e da visão de David Byrne sobre as várias cidades que vai visitando, o que poderá surpreender muita gente pela positiva, mas que a mim me surpreendeu pela negativa. Este é o livro ideal para quem gosta de viajar pelas palavras dos outros, mas não para quem procura uma leitura sobre bicicletas.

Os meus livros #67 - Trópico de Câncer

Sinopse
Proibido durante cerca de 30 anos nos Estados Unidos e no Reino Unido, Trópico de Câncer foi publicado originalmente em 1934. Eleito um clássico de literatura erótica desconstruiu tabus e desmistificou convenções no seu pouco apologético caminho em busca do desejo. Muitas vezes considerado pornográfico e obsceno, Trópico de Câncer evidencia uma sexualidade despojada, longe de amarras e preconceitos, sendo auto-designado pelo escritor como «um insulto prolongado, um escarro no rosto da Arte». Não somente a Arte se pode ter sentido beliscada como a generalidade dos homens do seu tempo, presos às regras ditadas pela sociedade e que viam em Trópico de Câncer um desafiar dos valores impostos e aceites pela sociedade. A linguagem sem freio, os temas invariavelmente de cama e o retrato das personagens pouco ortodoxo, muitas vezes ridicularizadas por uma crítica contundente e sem moral, projectaram Miller como alguém à frente do seu tempo, porventura um pouco desajustado, facto esse que o levou a viver em Paris, ex-libris das capitais, que considerava um local onde se mesclam as cidades da Europa e da América Central, e onde o escritor vivia sem recursos ou dinheiro. Miller auto-designava-se um artista que se deixava conduzir à mercê das contrariedades e das alegrias da vida. A primeira impressão de Trópico de Câncer foi aliás financiada por Anaïs Nin, sua amante, que acreditava nos seus desígnios. Narrado na primeira pessoa, o livro relata ficticiamente as aventuras de Miller entre prostitutas, proxenetas, pintores sem dinheiro e escritores do submundo parisiense. Controverso e muito peculiar, Henry Miller ergue um hino ao mundo da sexualidade e da liberdade nas suas formas extremas e garante incondicionalmente um lugar no panteão dos maiores escritores mundiais do século XX.


Não sei como, nem porquê, este livro é classificado de literatura erótica, a mim parece-me profundamente filosófico e só a sua linguagem livre e talvez um pouco obscena poderá explicar o preconceito em torno dele. Não é um livro fácil de ler, mas é um livro que vou querer reler. 

Os meus livros #66 - As lágrimas do Meu Pai

Sinopse
Os últimos contos escritos por Updike, publicados apenas após a sua morte. Uma obra bela e comovente, na qual o autor revisita os lugares da sua infância a partir da posição privilegiada da velhice.
Em O Passeio com Elizanne, velhos amigos retomam o contacto num reencontro de antigos alunos e um deles medita: "o que quer dizer esta enormidade de termos sido crianças e agora sermos velhos, a morar na porta ao lado da morte." No conto O Copo Cheio, o protagonista descreve de um modo pesaroso os rituais da velhice. Antes de se deitar, ergue o seu copo de água e "brinda ao mundo visível, mandando o seu iminente desaparecimento à fava". Em Variedades da Experiência Religiosa, um idoso de visita à filha em Brooklyn Heights vê desabar a Torre Sul do World Trade Center e a sua visão de Deus é alterada para sempre.
Nestas histórias memoráveis, Updike apela vezes sem conta ao sentimento, dando palavras ao que tantas vezes fica por dizer. É simultaneamente espirituoso, devastadoramente atento, comovente e, claro, um contador de histórias consumado. Esta é uma colectânea que será admirada e estimada.


Trata-se de um excelente livro de contos.

Os meus livros #65 - Menina de Ouro

Sinopse
É difícil encontrar palavras para descrever a EMOÇÃO que os livros de Chris Cleave despertam. Os seus enredos são apenas uma parte da HISTÓRIA. Mais importante é a forma como tocam o leitor. E isso é ÚNICO e irrepetível.
Menina de Ouro é sobre os limites do AMOR. Sobre as nossas LUTAS diárias. Sobre o conflito entre os nossos DESEJOS e a realidade. Conheça Kate e Zoe. Duas mulheres brilhantes com um SONHO que apenas uma poderá realizar. Conheça também Sophie. Uma criança dotada de uma sensibilidade rara, que luta entre a VIDA e a morte. Estão unidas por um SEGREDO. Delas se exige uma ESCOLHA. No momento mais importante das suas vidas, uma delas terá de fazer o derradeiro SACRIFÍCIO. Menina de Ouro é sobre o que significa ser HUMANO, mas também sobre o que nos permite a todos, de diferentes formas, atingir o EXTRAORDINÁRIO.


Apesar deste livro nos contar a história de duas ciclistas profissionais e de em certos aspectos conseguir perceber os sentimentos que o autor quis dar às personagens, não me conseguiu prender verdadeiramente. Poderá ser por eu andar demasiado cansada e por andar nesta ânsia de encontrar um livro que me arrebate verdadeiramente, mas Menina de Ouro, que tinha tudo para me apaixonar não o conseguiu, li toda a história da parte de fora do livro.

Os meus livros #64 - Todos os Homens são Mentirosos

Sinopse
Descobrir o que se pretendeu esquecer parece quase impossível, ao fim de trinta anos, num mundo no qual tudo muda excepto o que está escrito há séculos no Livro dos Salmos: «Todos os Homens São Mentirosos». Quando um jornalista francês se empenha em esclarecer a inexplicável queda do genial escritor sul-americano Alejandro Bevilacqua, do balcão da casa onde vivia, na Madrid ainda cinzenta de meados dos anos setenta, os testemunhos de aqueles que o conheceram serão a sua única via para a verdade. As duvidosas e diversas histórias da sua presumível amante espanhola, de um escritor argentino que garante ter sido o seu único confidente, do cubano que jura ter partilhado a cela com ele durante a ditadura militar argentina e, até, de um delator que já morreu, mas continua a informar desde o além, entrelaçam-se numa trama fascinante de que o leitor não conseguirá afastar o olhar até à última página.


Quatro personagens a contar a história secreta de Alejandro Bevilacqua, é assim este livro. Apesar de gostar bastante da forma como está escrito acabou por me cansar, as personagens contam a sua versão de uma mesma história, para mim tornou-se muito repetitivo, ainda assim o balanço final foi bom. 

Os meus livros #63 - Bodas de Fogo

Sinopse
«As roupas dos mortos não duram muito. Sentem saudades das pessoas que as usaram...» É com estas palavras arrepiantes que Barbara Vine nos arrasta inexoravelmente para mais uma das suas histórias sinistras e arrebatadoras. Entre Jenny, jovem auxiliar num lar para idosos, em Suffolk, e Stella, uma das pensionistas de Middleton Hall atingida por uma doença fatal, nascem profundos laços de amizade e cumplicidade. De confidência em confidência, o pressentimento de que Stella esconde um passado estranho e doloroso torna-se cada vez mais uma certeza, e só Jenny poderá impedir que esse segredo seja enterrado para sempre. Neste mistério apaixonante em que o passado e o presente estão habilidosamente interligados, Barbara Vine demonstra uma vez mais o seu talento magistral para a composição de personagens e para a criação de uma narrativa de suspense.


Este é um daqueles livros que nunca tinha ouvido falar até a Su me emprestar. Foi o último livro que me prendeu daqueles que li e dos quais ainda não falei aqui (vai ser hoje), foi a minha companhia num dia de doença e passamos horas fantásticas. Apesar de inicialmente a acção demorar bastante a desenrolar-se através de segredos contados entre duas amigas a partir do meio do livro a autora abandona por completo o estilo romântico e lamechas para nos apresentar uma história com um final absolutamente macabro. Gostei muito.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Felicidade é...


Ter um caderno cheio de páginas em branco para preencher com coisas novas. Sempre gostei de aprender.

Chama-se amizade

É possível pedalar lado a lado, mesmo quando se tem ritmos diferentes. A cadência do nosso corpo não pode ser mais forte que os laços do nosso coração. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Procuro louca e desesperadamente

Por um livro que me faça viajar como há muito não acontece, que me faça esquecer do mundo lá fora, que me faça querer ficar a noite inteira acordada, que me faça querer ficar doente para poder passar umas horas só nossas, que me faça focar só nas suas páginas, que me faça pensar e repensar, que me faça dar sonoras gargalhadas ou que me faça chorar como se aquela história fosse mesmo a minha, que me faça imaginar, que me faça sonhar, que me aperte o coração, que me faça ficar ansiosa por o final, que me faça ficar triste por estar a acabar, que me roube a realidade, que mude algo em mim. Procuro louca e desesperadamente por um livro como já não leio há muito, não está fácil encontrar.

As coisas que eu leio #1

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A oficina da Loira

Nunca pensaram ler uma merda destas no meu Blog, pois não? Sinal que estou sempre a surpreender, a vocês e a mim, que há uns tempos atrás não pensava em coser nem um botão. Bem, continuo a não pensar que isto dá um trabalho desgraçado e eu não tenho mesmo queda para a coisa, mas um dia destes chegaram umas meias que tinha encomendado num site manhoso pensando serem rosa choque e afinal eram de um rosa tão claro que eu quase vomitei quando abri a encomenda. Não era um par, nem dois, eram três, umas para mim e as outras para as miúdas e aquilo não tinha mesmo piada nenhuma. Então lembrei-me (e juro que até hoje não sei como me fui lembrar de uma cena destas) de fazer qualquer coisa para as meias ficarem mais TCHARAM. Dirigi-me a uma loja que vende paneleirices e comprei fitas coloridas e joaninhas e depois lembrei-me que não sabia fazer laços, chamei o meu colega de trabalho (que está sempre disposto a aturar-me) e perguntei-lhe como caralho ia eu aprender a fazer laços, claro que ele teve uma ideia fantástica (que lhe surgiu entre gargalhadas, vá lá entender-se porquê), mandou-me ao youtube e foi assim que passei parte de uma manhã a visualizar um vídeo em que a protagonista dava voltas e voltas a uma fita até a transformar num laço, sem eu perceber que raio de voltas eram aquelas. Voltei a chamar o meu colega de trabalho (que é o gajo mais paciente que conheço) e expliquei que não percebia nada daquilo, ele lá me explicou com a lentidão necessária à minha aselhice todos os passos a seguir. E foi assim que gastei as minhas horas livres de todo um fim de semana, a fazer laços e coser laços e joaninhas em meias. Escusado será dizer que as minhas mãos não ficaram muito apresentáveis e que não podia acabar isto sem voltar a chamar o meu colega de trabalho (ele adora-me), porque queria queimar as pontas dos laços para não se desfazerem e não tinha em casa nada que fizesse lume, a sério, se quiser passar-me da cabeça e incendiar tudo não tenho como. Bem, ele lá me emprestou um isqueiro e eu terminei o trabalho de transformação de meias, jurando a pés juntos que nunca mais me meto numa merda destas, mas ao mesmo tempo super orgulhosa de ter conseguido fazer as meias mais pindéricas de todo o sempre. 




Só não contem nada disto à minha mãe, sim? É que se ela sabe é bem capaz de deixar de remendar as merdas que lhe levo. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Formas de vida

Quando uma viagem de grupo chega ao fim há um par de pessoas que vêem as situações de uma maneira e há todos os outros. Há um par de pessoas que se gabam de num momento complicado terem sido os únicos a cumprir o trajecto traçado inicialmente, de terem percorrido os planos originais, de terem sido os únicos a conseguir cumprir o que estava planeado. Sim, assim mesmo, repetida e insistentemente, para que a ideia fique bem fincada na mente de quem os ouve. Quando uma viagem de grupo chega ao fim há um par de pessoas que só se lembra desse momento, porque para eles foi ali que conseguiram algo mais do que os outros, foi ali que foram superiores.
Quando uma viagem de grupo chega ao fim há os outros, os que olham para a situação de forma completamente diferente, sem grande atenção, só se lembram de arranjar uma solução para se manterem unidos, para chegarem todos bem e juntos, não pensam muito nisso porque para eles a forma como agiram era a única forma de agir, não havia outra alternativa, são os que seguem felizes e indiferentes sem sequer se lembrar daquilo, são os que se envergonhariam de dizer a alguém que são o tipo de pessoa que deixa ficar um amigo para trás.

Quando uma viagem de grupo chega ao fim é fácil separar formas de vida e saber quem realmente pertence ao grupo e quem está a mais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Eu e as miúdas (imagens de um fim de semana de Loiretes)







Toda a gente sabe que eu faço o melhor bolo de chocolate do mundo

O que as pessoas não sabiam é que o meu cheesecake também é bem bom. Nem as pessoas, nem eu. Acontece que semana passada tive visitas cá em casa e como só o bolo de chocolate seria pouco e não tinha tempo para preparar o meu semifrio de bolacha resolvi fazer pela primeira vez um cheesecake, que acabou por ser um verdadeiro sucesso de tão bom que estava.
O grande problema de fazer sobremesas boas é que no final as pessoas pedem sempre a receita e a do cheesecake não me apetecia muito dar, talvez por ser uma receita com um ingrediente secreto que está há várias gerações na minha família, talvez por não querer quebrar o encanto de tão divinal sabor.
Bem, mas toda a gente também sabe que eu gosto de partilhar e depois de dormir algumas noites sobre o assunto, depois de consultar todos os elementos da minha família e pedir a devida autorização, depois de imaginar a felicidade da minha bisavó ao saber que a receita se tinha tornado famosa, resolvi dividir com vocês não só a receita como também o ingrediente secreto.
Para começar precisam de uma batedeira, de um copo medidor e de uma taça, os ingredientes principais são a manteiga, o leite e um pouco de água, dirigem-se cuidadosamente ao supermercado e compram o ingrediente secreto, estará na secção dos bolos, procurem-no atentamente, é uma caixa vermelha que diz Royal no canto superior esquerdo, e mais abaixo diz Cheesecake, acompanhado de uma bela foto. Já em casa abram a caixa atentamente e sigam as instruções que são basicamente juntar a manteiga derretida ao primeiro preparado, o leite ao segundo e a água ao terceiro, se quiserem surpreender um pouco mais em vez da forma que vem dentro da caixa utilizem uma em forma de coração, que foi exactamente aquilo que fiz.
E agora ide, ide e lambuzai-vos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Loira, a cara suja

Há uns tempos atrás uma pessoa que me conheceu de bicicleta e capacete e que nunca me tinha visto de outra forma não me reconheceu à primeira vista. Depois pediu desculpa e disse-me que eu sou tão linda sem a minha bicicleta e sem o capacete enfiado na cabeça que ao ver-me nem sequer lhe passou pela cabeça que fosse a mesma pessoa. Não é a primeira vez que me acontece, já aconteceu vezes sem conta.

Dias depois o meu colega de trabalho estava a comentar comigo a falta de beleza de um possível engate (coisas de gajos) e dizia-me que as fotos que a pessoa em causa publicava no facebook eram mesmo horríveis. Eu lá lhe disse que a falta de beleza não era tudo, mentira, não disse nada, eu disse-lhe é que a gaja devia ser mesmo feia porque toda a gente publica no facebook as melhores fotos que tem. Ele concordou comigo, disse-me que era verdade, toda a gente menos eu, segundo ele eu só publico fotos de cara suja.

Esta semana fui a uma aula de Cycling quase vazia, as outras pessoas ficaram numa ponta e eu fui sozinha para a outra, durante aquela hora fui só eu, a música, os meus pensamentos e o meu reflexo no espelho enquanto pedalava. Durante aquela hora olhei-me e tive orgulho em mim, senti-me bonita ainda que despenteada e suada, gostei de me ver de equipamento e com as minhas meias, achei-me uma miúda linda, como me acho sempre que estou vestida e pronta a pedalar. Durante aquela hora lembrei-me dos episódios que descrevi anteriormente e pensei que toda a gente pode achar o contrário, mas a minha essência é esta, felizmente sinto-me bem e bonita muitas vezes, quase todos os dias, mas linda mesmo sinto-me (SOU) quando estou de cara suja.



Apresento-vos A Loira. Eu.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Respondo

Subo muitas montanhas com a bicicleta às costas, já subi muitas mais, hoje em dia consigo ultrapassar em cima dela obstáculos e cumes que noutros tempos me pareciam impossíveis, mas ainda assim há muitos trilhos não cicláveis em que é necessário pegar na bicicleta e fazer um pouco de trail sem os sapatos adequados e com aquele peso extra. Arrastar monte acima uma bicicleta ou passar barreiras que à primeira vista nos parecem intransponíveis nunca é fácil e várias vezes me oferecem ajuda, recuso sempre que me é humanamente possível (um dia destes escrevo sobre isso), ganhei o hábito de pendurar o selim no ombro e seguir o meu caminho, o mais naturalmente que consigo, ainda que tenha de passar um rio, subir um penedo ou descer calhaus escorregadios do verdete. No passado domingo, numa dessas circunstâncias, voltaram a oferecer-me ajuda, voltaram a querer pegar na minha bicicleta para ser mais fácil para mim passar o buraco que nos apareceu no meio do trilho, eu agradeci, recusei como sempre e acrescentei que não se preocupassem, que a bicicleta pesa bem menos que a mala que transporto ao ombro todos os dias, depois lembrei-me daquilo que tinha escrito uns dias antes e cheguei à conclusão que afinal carregar diariamente um calhamaço sem nunca lhe conseguir ler sequer uma página faz todo o sentido para mim. 

Não estou à venda

Já recusei algumas propostas de publicidade no Blog. Uma delas perguntava quanto dinheiro é que eu queria para publicar ISTO no meu blog. ISTO era um texto mal escrito a apresentar um produto de merda que não tinha nada a ver comigo. A publicidade nos Blogues é fraca quando as Bloggers aproveitam qualquer oportunidade para ganhar dinheiro e as marcas querem ser faladas, ainda que seja da pior forma possível. Aqui não se faz publicidade, eu não estou à venda, mas se estivesse faria publicidades em condições, totalmente pensadas por mim, nunca publicaria uma ideia de alguém ou um texto escrito por outra pessoa como se fosse eu a escrever. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Antes que todos comecem: Feliz Natal, sim? (Acho que a primeira vez que disse isto este ano ainda era Setembro)

No sábado fiz a minha árvore de Natal, fizemos a nossa árvore de Natal.
No Natal passado a árvore quase causou a nossa separação, era preciso comprá-la e se para mim era urgentíssimo, para ele havia todo o tempo do mundo. Se eu queria mais e mais enfeites e todos ainda eram poucos, ele achava que eram demasiados e que não havia árvore capaz de suportar tanto brilho. Se assim que chegamos com a árvore a casa eu não podia esperar nem mais um segundo, ele não se importava nada de colocar um enfeite por dia, até ao Natal do próximo ano, este. Se para mim pendurar bolas e estrelas e botas e sinos era a maior alegria do mundo, para ele era um martírio. Se eu achava que podia ter comprado só mais uma caixa de bolas, ele achava que a árvore já não tinha ramos livres para colocar as dezenas de bolas que entre discussões lá consegui trazer. Se eu cheguei ao final e achei que tinha a árvore de Natal mais linda do mundo, ele passou vários dias a resmungar que a árvore estava horrível.
Este ano estava ansiosa por fazer a minha árvore, mas achava que para ele seria demasiado cedo e por isso não lhe disse nada, no sábado ele adivinhou-me os desejos e perguntou se não a queria fazer e como dei pulos e gritos de alegria quando cheguei a casa depois de uma breve saída já a tinha pronta a enfeitar, no canto da sala. Este ano os enfeites pareciam poucos e a árvore ficou pronta em menos de nada, este ano a árvore não causou nenhuma discussão, ambos a achamos linda, a mais bela do mundo e por isso escolhi para o topo dois lindos corações, este ano a árvore de Natal é a árvore do amor.

Este ano foi tudo tão fácil que estou cá desconfiada que o filho da mãe me tenha escondido metade dos enfeites para ter menos trabalho, a sério, a minha linda árvore parece-me tão despida que começo a achar que é desta que fico solteira. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Querido diário

Que nunca me peçam explicações sobre um texto. Nas entrelinhas conjugam-se segredos inconfessáveis. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Meias há muitas, suas palermas!

Eu e a Su fomos passar uns dias juntas em Quiaios, uns dias espectaculares com as nossas bicicletas, os nossos livros que não foram lidos, a montanha para explorar de manhã e a praia para aproveitar à tarde e incendiar à noite (sobre isto não posso contar, nem sob tortura). Claro que nas poucas vezes em que estamos juntas combinamos as meias que vamos usar, claro que só levamos meias que tenhamos repetidas. E desta vez não foi excepção, combinamos muito bem as meias para todos os dias, falamos nisso centenas de vezes, as de padrão tigresa no último dia, as de riscas arco-íris no terceiro dia, as de corações no segundo dia e as de estrelas no primeiro dia. Foi tudo muito bem combinado, eu meti todas as outras meias na mochila, vesti as de estrelas, pedalei até à estação, apanhei um comboio, e depois outro, e depois outro, e saí em Coimbra para encontrar a Su e pedalarmos até Quiaios, lindas e estilosas com as nossas meias de estrelas iguais. E foi assim que quando saí do comboio e olhamos uma para a outra começamos a rir sem conseguir parar, foi assim que nem nos conseguimos cumprimentar de tanto rir, depois de combinar tão bem as meias e de falar 587 vezes das estrelas tínhamos afinal meias diferentes. É que estrelas há muitas e meias ainda mais.

Pergunto

Se desde que saio de casa pela manhã até regressar ao final do dia nunca (e é mesmo nunca) tenho tempos mortos, se não tenho nem cinco minutos livres e sozinha em que possa pegar num livro para ler nem que seja um parágrafo, por que raio continuo eu a transportar na mala um calhamaço religiosamente todos os dias?
Tenho problemas mentais? Sou uma dependente? O grande sonho da minha vida é ter uma doença na coluna? Quero treinar bíceps e tríceps de forma gratuita? Temo ter de apanhar inesperadamente um comboio para a Patagónia? Estou à espera de ir parar a um hospital a qualquer momento? Tenho medo que o mundo acabe sem eu ter um livro para ler enquanto espero pelo último suspiro? Alguém me pode explicar?

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Já arranjei muito bem / Tudo quanto convém / Para a chuva levar / O casaco, as botas, o chapéu / E a camisola com o decote / Que deixa as mamas ao léu / Ter estacionamento privado / Em todo o lado / Também está no meu rol / E como é bom de ver / Não podia esquecer / Os meus óculos de sol

Eu sou a pessoa que nunca, em circunstância alguma, tem um guarda-chuva. Podem estar a cair uns chuviscos ou a chover torrencialmente, o que eu preciso mesmo é dos meus óculos de sol. A água pode chegar-me aos joelhos, posso ficar molhada até às cuecas, o que eu preciso mesmo é dos meus óculos de sol. Sem eles não consigo sair de casa. Claro que um chapéu impermeável, umas corridinhas entre o carro e o local para onde me dirijo e o facto de ser uma pessoa com uma sorte do caralho no que aos estacionamentos diz respeito também ajudam. Eu sou a pessoa que se veste sempre com roupa de verão, pode estar um frio de rachar, temperaturas negativas, pode até estar a nevar, se me tirarem o casaco eu vou estar com uma camisola de manda curta ou um vestido sem costas por baixo. Que venha a chuva, o frio, o granizo, a neve, o vento, as tempestades, os furações e os tufões, eu estou sempre preparada para eles, tenho comigo um top transparente e uns óculos de sol, são tudo o que me faz falta para enfrentar um inverno rigoroso.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Este Blog não era a mesma coisa sem as fantásticas fotos das minhas pedaladas, pois não?

Para que serve o meu Blog (uma quase resposta ao Tio Pipoco)

Não posso falar da questão temporal, o antes e o agora aqui não existem, o meu Blog sempre me serviu para o mesmo, até quando eu ainda não sabia disso e me arriscava a dizer que não servia para absolutamente nada.
Podia falar das pessoas que vieram parar à minha vida por culpa do Blog, podia contar todas as histórias dos dias em que fui reconhecida, podia falar das outras pessoas que escrevem num Blog e que me dizem tanto, me ensinam tanto, podia falar das pessoas que compram um livro porque escrevi sobre ele, das pessoas que querem comprar uma bicicleta e me mandam mail, das pessoas que estão a planear O Caminho delas a Santiago e me escrevem, com a alma desnuda e o coração na ponta dos dedos, podia contar sobre a minha primeira viagem e a responsabilidade de chegar ao destino para não desiludir as pessoas que estavam aqui à minha espera, podia contar em como também pensei nisso quando fiz O Caminho Francês, em como achei sempre que quando estivesse muito mal tinha de continuar, não podia desiludir as pessoas que me estavam a acompanhar, não precisei, durante aqueles 1000 km nunca estive mal, mas as pessoas, todos os dias me emocionava com as pessoas que estavam ali comigo, que me acompanhavam, todos os dias valia a pena tirar uns minutos para dizer onde estava, todos os dias as pessoas me surpreendiam, me faziam ainda mais feliz. Podia contar mil histórias, todas com o mesmo fim, mas decidi-me por uma, a maratona do Gerês, que foi há muito tempo atrás, quando eu ainda não tinha preparação física para lá estar e não podia imaginar o que seriam aqueles 40 km com 1900 metros de acumulado de subida. Todos os finisher teriam um prémio e eu atrevi-me a perguntar aqui no Blog, antes de ir para a maratona, se seria eu uma finisher, se seria eu capaz. O nível de dificuldade não era para mim, naquela altura estava mal, tão mal que fiz praticamente todas as subidas com a bicicleta à mão, não tinha forças e o mais lógico seria ter desistido, houve ali um momento em o podia ter feito, houve ali um momento em que se seguisse pela estrada só tinha de pedalar 3 ou 4 km até à meta, se continuasse tinha mais uma montanha pela frente, mas eu tinha-me atrevido a perguntar aqui no Blog se seria eu uma finisher, se seria eu capaz e naqueles poucos segundos que tive de decidir se continuava ou se desistia foi no Blog que pensei, foi em todas as pessoas que acham que sou capaz de tudo, que acreditam, foi nas palavras que teria de escrever para explicar uma desistência, e continuei, fiz-me à montanha e naquele dia, com muita dificuldade fui uma finisher. O prémio por ter terminado foi uma ridícula cabra de madeira com uns 5 cm que, ironia do destino, perdi quando fiz a mudança de casa, ainda um destes dias falava da cabra e daquilo que ela me custou e ao pensar que a perdi pensei também que não tem importância nenhuma, tenho uma foto dela no Blog, isso é suficiente para mim.
O Blog serve-me para muitas coisas, seria um post interminável se falasse de todas elas, mas a principal é que com ele preciso ter muita mais coragem para desistir do que para continuar, com ele sou uma finisher

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Vivo no mundo das montanhas #5387 (ou mais)

Às vezes só percebemos onde somos capazes de chegar quando alguém nos aponta o topo de uma montanha e nos diz que foi ali que estivemos ainda há poucas horas atrás. Enquanto percorremos a montanha, enquanto subimos, subimos e subimos, quando chegamos ao topo e temos o privilégio de olhar para o mundo dali, enquanto descemos a montanha com um sorriso no rosto e a alma lavada não temos a capacidade de avaliar a grandeza daquilo, estamos lá. Às vezes vamos embora, felizes por tudo o que fizemos naquele dia, pelos locais, pelas paisagens, pela superação, mas é só. Às vezes alguém nos aponta o cimo de uma montanha cá de baixo, de uma enorme montanha, e nos diz que foi ali que estivemos, foi aquele topo que atingimos hoje, e nesse instante não estamos só felizes, somos pequenos, muito pequeninos perante a grande montanha que conquistamos e somos grandes, enormes, porque estivemos lá em cima, porque conseguimos, porque somos capazes. Às vezes só percebemos onde somos capazes de chegar quando alguém nos aponta o topo de uma montanha e nos diz que foi ali que estivemos ainda há poucas horas atrás. Às vezes somos imparáveis, capazes de tudo, até de conquistar o mundo, uma montanha de cada vez e o mundo é nosso.

Bloggers deste país, contem-me tudo, por favor

Vocês têm aquela pessoa que sabe do vosso Blog e que vocês sabem que ela sabe, mas que por um motivo qualquer que vocês não sabem, não vos diz que sabe e vocês, por um motivo qualquer que não querem que se saiba, não lhe dizem que sabem que ela sabe?