sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Adeus 2016

Talvez seja pertinente dividir o meu ano em dois, agora que me decidi a fazer esta cena da retrospectiva, do balanço, ou o caralho que isto é afinal. 
A primeira parte do meu ano não passou de uma continuação daquilo que sempre foi, eu feliz, a pedalar à chuva e ao sol, a cair e a levantar-me logo a seguir, a fazer planos e pô-los em prática, a conquistar cumes, a viver na montanha, a partir à aventura, a viajar em autonomia, a conquistar chão e histórias, a ler os meus livros, a escrever as minhas paixões, a comprar as minhas meias e a coleccionar equipamentos e paneleirices para pedalar, sempre rodeada dos melhores amigos e das minhas pessoas. Essencialmente, eu feliz, com tudo isto e muito mais, porque toda a gente sabe que há partes de vida que não se falam no blog, ou toda a gente devia saber, que a vida é muito mais que as coisas que se partilham.
Até que um dia deste meu ano, que aparentemente era igual a qualquer outro, decidi partir e caminhar com uma mochila às costas. Lembro-me de receber mensagem da Su antes de partir a dizer que aquele ia ser O Caminho da minha vida, e juro que se ela me volta a dizer uma merda destas eu já nem saio de casa, porque a minha vida nunca mais foi a mesma.
Nunca pensei que caminhar pudesse doer tanto, no corpo e na alma. Nunca me tinha acontecido ter tanto tempo para pensar como nestes dias em que caminhei. Nunca me tinha sentido tão sozinha, tão forte, tão em paz, tão tranquila e tão corajosa. Foram dias muito intensos, foram dias de confissões, de pensamentos, de recordações, de descobertas, de uma enorme amizade com quem se pode partilhar absolutamente tudo, foram dias especiais, de emoção, de paixão, de conclusões.
No fim da caminhada, ao meu destino, cheguei de sorriso no rosto e de alma lavada, durante O Caminho tudo se encaixou e tudo fez sentido, quando dei o último passo sabia que aquela meta era só o início de uma nova etapa na minha vida.
Voltei para o mundo real mais apaixonada pela vida que nunca, sabendo que parte da minha felicidade antes de tudo isto não era real e com a certeza que havia muito para mudar. Foi isso que fiz, aquilo que era preciso para que o meu mundo voltasse a fazer sentido. Não foi fácil, não foi nada fácil, doeu. Descarrilei o comboio da minha vida e segui sozinha, segui o meu coração. Precisei de muita coragem, mas essa nunca me faltou e por isso termino o meu ano orgulhosa de mim mesma e com a certeza que estou pronta para enfrentar o mundo a qualquer momento.
Tenho de lado, para ler daqui a uns dias, um livro de David Trueba que diz: "Para ser feliz é imprescindível saber perder", 2016 fez-me perder muito, mas não consigo deixar de acreditar que me fez ganhar muito mais. Adeus 2016, serás para sempre o ano que mudou a minha vida. 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Um ano em livros

Um ano em páginas

Em 2016 li 17880 páginas.

Os meus livros #60 - Bombaim



SINOPSE


Com sentido de humanidade e suspense, Thrity Umrigar aborda neste livro o amor, a lealdade, a injustiça e sobretudo a luta pela sobrevivência na Bombaim actual. Bombaim - A um Mundo de Distância dá-nos um vislumbre de uma Índia onde o sistema de castas ainda impera. A vida numa grande cidade é aqui observada pelos olhos de duas mulheres pertencentes a culturas radicalmente diferentes. Segundo a autora, «esta é uma história sobre os ricos e os pobres e os desequilíbrios entre eles. Mesmo na América nós temos o nosso próprio sistema de castas. E se me concedessem um desejo seria que este romance conduzisse os leitores a examinarem as suas próprias áreas de prejuízo e desconforto.»

Os meus livros #59 - Filha da Fortuna



SINOPSE

Eliza Sommers é uma jovem chilena que vive em Valparaíso em 1849, ano em que se descobre ouro na Califórnia. O seu amante, Joaquin Andieta, parte para o Norte decidido a fazer fortuna e ela decide segui-lo. A viagem infernal, escondida no porão de um veleiro, e a procura do amante numa terra de homens sós e de prostitutas, atraídos pela febre do ouro, transformam a jovem inocente numa mulher fora do comum. Eliza recebe ajuda e afeto de Tao Chi’en, um médico chinês que a amparará ao longo de uma viagem inesquecível pelos mistérios e contradições da condição humana.

Filha da Fortuna é o retrato palpitante de uma época marcada pela violência e pela cobiça, onde os protagonistas redescobrem o amor, a amizade, a compaixão e a coragem. Neste seu ambicioso romance, Isabel Allende descobre um universo fascinante, povoado de estranhas personagens que, como tantas outras da autora, ficarão para sempre na memória e no coração dos leitores.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A palavra do ano

Não sou de retrospectivas, de balanços, de resoluções nem de pensar nos porquês da vida. Nunca penso muito onde estou nem o que aqui me trouxe. Não vejo a vida por etapas. Tenho, nos últimos anos olhado rapidamente para trás e escolhido a palavra do ano, assim, simples, sem grandes reflexões nem complicações. Hoje lembrei-me disso e decidi que a minha palavra para 2016 foi coragem. Depois disso respirei fundo e pensei que uma palavra e um ano destes merecem mais de mim. Talvez a coragem de 2016 me seja mais uma vez necessária, talvez seja altura de reflectir, de ponderar e de olhar para trás e para a frente de forma diferente. Talvez, antes que 2016 acabe eu precise de escrever e pensar mais sobre ele, para isso vou precisar de um pouco mais de coragem, e se essa não me faltou quando mais precisei, não me há-de faltar agora. 

14, 15, 16, 17 e 18 de Junho de 2017

As viagens não começam no dia em que saímos pela porta de casa para finalmente partirmos em direcção à aventura e ao destino sonhado. As viagens não começam no dia anterior, quando depois de tantos planos temos tudo pronto para a partida. As viagens não começam com as marcações, os locais, os horários, os companheiros e tantos outros pormenores que é preciso planear. As viagens começam no dia em são sonhadas, em que estão no nosso horizonte como uma coisa a realizar, em que têm uma data, um trajecto definido e mil planos para tornar reais. Eu começo uma nova viagem assim que chego ao destino da anterior, como se não soubesse viver sem ter a certeza que vou ter e absorver mais daquilo que mais gosto. Eu começo uma nova viagem assim que olho para o calendário, marco uma data, a anuncio ao mundo e na minha cabeça não param os planos, os pormenores, a idealização da aventura. Eu começo uma nova viagem assim que os meus sonhos começam a ganhar asas. 

Os meus livros #58 - A metamorfose



SINOPSE


Franz Kafka é um dos mais carismáticos autores do século XX. O corpo das suas obras - na sua maioria, publicadas postumamente - destaca-se entre as mais influentes da literatura deste século. Os seus temas por excelência centram-se em torno do absurdo, da alienação, da obsessão e da culpa que geram nas suas personagens um sentimento de estranhamento. As suas obras definem uma boa parte do que ainda hoje se considera como «literatura moderna» e é considerado um precursor do realismo mágico. A Metamorfose (1912) narra o estranho caso de um caixeiro-viajante que uma manhã acorda transformado num monstruoso insecto.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Feliz Natal às pessoas que nos conhecem

No meio da multidão que nos rodeia e que faz uma imagem de nós por aquilo que vê e que imagina que sabe a nosso respeito há as pessoas verdadeiramente especiais, são as pessoas que nos conhecem, são as pessoas que conseguem ver mais além, são as pessoas que gostam de nós apesar de tudo e nos aceitam tal e qual como somos, são as pessoas que nos olham para o interior e que nos dão o melhor delas enquanto levam o melhor de nós, são as pessoas que sabem acerca de nós e dos nossos momentos, são as pessoas que percebem os pormenores, são as pessoas que fazem a diferença no nosso mundo.
E num Natal muito pouco inspirador para mim essas pessoas trouxeram-me meias, trouxeram-me livros, trouxeram-me agendas e blocos de notas, trouxeram-me cadernos e roupas para pedalar, trouxeram até uma prenda com um dos momentos mais importantes do ano estampado. Trouxeram-me coisas que não são importantes pelo seu valor, mas por aquilo que representam para mim.
E eu, passei o Natal de meias novas e a sonhar com as combinações possíveis para as roupas de pedalar, passei o Natal a escrever e a imaginar, e eu, que andava com o mesmo livro há mais de um mês, passei o Natal a ler e decidi que aqueles dois livros seriam os primeiros de 2017, e como toda a gente sabe, aos livros não se mente, deixei o último capítulo do primeiro para o dia 1 de Janeiro e já ando a ler as primeiras páginas do segundo.
E Natal é quando uma Loira quiser, por isso Feliz Natal às pessoas que nos conhecem, porque são elas que fazem toda a diferença, e este Natal afinal inspirou-me, e era de inspiração que eu mais precisava. Isso sabiam bem as pessoas que me conhecem, as minhas preferidas do mundo. 

Os meus livros #57 - A contadora de filmes




SINOPSE


Esta é a história de María Margarita, uma rapariga que revela um dom especial para narrar as histórias dos filmes a que assiste. Sempre que estreia um novo filme na cidade, toda a população contribui para pagar um bilhete de cinema a Margarita. Depois do filme, a jovem conta o que viu, de uma forma apaixonada, encarnando as personagens e transmitindo as imagens, a música e toda a emoção do cinema. É então que passa a ser conhecida como a Contadora de Filmes. Hernán Rivera Letelier foi o vencedor do prémio Alfaguara 2010, com a obra El Arte de la Ressurección, um dos mais prestigiados galardões literários de língua castelhana. No Chile, o seu país de origem, é um dos escritores com maior êxito.

Os meus livros #56 - Um amor morto




Sinopse



Um homem e uma mulher têm uma vida perfeita até ao dia em que a casa onde vivem se converte num local de crime. Ninguém tem explicação para o que se passou, só sabem que ela se perdeu no labirinto dos dias e não há quem a traga de volta. O amor morto é uma estranha companhia e ela precisa de regressar ao mundo dos vivos, antes que a última folha da árvore antiga volte a cair.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Talvez nim... (um remix de posts)

Não sei viver de não respostas. Eu sou tudo ou nada, não sei viver de bocadinhos. Eu sou sim ou não, não sei viver de  mais ou menos. Quando gosto, amo, quando não gosto, é-me completamente indiferente. Não sei viver no meio termo. Na vida, ou estou a subir ou a descer, o plano não me satisfaz. Ou é 100% certo ou não quero, não sei viver de probabilidades. Ou vou até ao fim ou não quero começar, não sei viver de meios caminhos. Ou me atiro de cabeça ao abismo ou fico cá em cima a contemplar a paisagem, não sei viver de descidas controladas. Não sei fingir. Não sei dizer que sim quando a resposta é não e não digo talvez quando a resposta é sim. Não viro para a direita quando sei que a direcção que quero seguir é para a esquerda. Não faço fretes a ninguém. Não sei disfarçar estados de alma nem sentimentos. Sou sempre sincera, mesmo quando não o devia ser. Estou cada vez mais transparente e só precisava se ser um bocadinho actriz neste palco que é a vida. Que é mais ou menos como quem diz, estas merdas só me trazem problemas. 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Feliz Navidad

Teria mil histórias para contar sobre tudo o que já me aconteceu por eu pedalar de meias coloridas e até ao joelho se tivesse tempo e memória suficientes para que isso fosse possível. As meias já me ofereceram tanto que estou cada vez mais apaixonada por elas. As meias já me ofereceram gargalhadas, momentos únicos e até pessoas, tantas que o meu coração transborda de ternura. As meias não são só uma imagem de marca, fazem parte de mim.
Há uns tempos atrás comprei um par para a Mafaldinha, filha de um casal amigo que morre de amores pelas minhas meias e combinações de roupa para pedalar, e outro para a filhota da Be do Estás a falar a Sério??!, que é a minha Loirete mais pequenina e mais gira (Que me desculpem as outras). Uns dias mais tarde fui convidada para lanchar na casa dos pais da Mafaldinha e a meio do lanche ela insistiu para que fosse ver o quarto dela, queria só mostrar-me onde guardou as meias que lhe ofereci, estavam em exposição no móvel das coisas importantes, como me explicou a Mafaldinha e como se fossem de facto muito importantes. Depois recebi as fotos da minha Loirete mais pequenina e mais gira, com um grande sorriso de felicidade e agora recebi uma prendinha muito especial e um postal de Natal feito por ela.

E talvez as meias tenham mesmo os super poderes que eu costumo dizer a brincar que elas têm. E talvez o Natal, que este ano não me conseguiu inspirar a nada e que só me fazia pedir um botão qualquer para carregar e acordar no dia 02 de Janeiro, tenha também super poderes, porque ontem, no dia em que abri as primeiras lembranças, o Natal começou a fazer-me um pouco mais de sentido. Tão pouco, se for especial, faz toda a diferença. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Entrelinhas

Saio do conforto de casa e vou de encontro à montanha e aos trilhos mais técnicos, levo os pés encaixados, a cabeça protegida e o corpo pronto para aguentar as possíveis quedas, penso eu. Reduzo as velocidades e subo até ao topo, a respiração fica ofegante e difícil de controlar, as pernas doem e às vezes torna-se difícil não parar a meio para recuperar, o trajecto nem sempre é fácil e há pedras para subir, rios para passar, buracos para ultrapassar e obstáculos para contornar, o chão está húmido nesta altura e o mato e as silvas arranham as roupas que nos protegem o corpo e a pele por estes dias, no Verão não tenho essa sorte, volto sempre com marcas para o mundo real. É preciso aprender a técnica na montanha, se a subida for íngreme e longa temos de controlar o ritmo para conseguir chegar razoavelmente ao topo, se o trilho for muito técnico é preciso pedalar leve e rápido, para passar todos os obstáculos, mas não tão leve e tão rápido que nos faça perder o controlo na bicicleta. O corpo tem de estar inclinado para a frente nas subidas com mais inclinação, para conseguir ultrapassar o chão em mau estado e não ter de desmontar. Nem sempre isso é possível, às vezes é mesmo preciso descer da bicicleta e carregá-la às costas durante um tempo, não é grave, faz parte, o importante é não desistir da meta que a nossa cabeça marcou para atingir.
O topo da montanha e a visão do mundo que tenho lá em cima compensa todo o esforço. O sentimento de superação é tão intenso que me faz querer sempre mais.
As descidas são mais fáceis, ou não, dependendo do dia e do trilho que escolho para descer, nas descidas é preciso puxar o corpo para trás e arriscar, há muitas pedras e muitos buracos para passar, é preciso olhar sempre uns metros à frente para escolher o melhor trajecto, é preciso travar sempre no momento certo, a fundo só com o travão de trás, o da frente só ajuda. É bom que se tenha os pneus na pressão certa e a suspensão afinada. As quedas são certas, só falta saber como e quando, porque toda a gente vai cair a descer um dia destes. O segredo é levantar e voltar a montar, se os estragos não forem grandes, se forem é pedir ajuda e ter a certeza que a pausa pode ser necessária mas será breve.
Eu aproveito cada subida e cada descida intensamente, é na montanha que me sinto em casa. O trilho para chegar a este topo onde me encontro não foi fácil, mas passei e contornei bem todas as dificuldades. O acumulado de subida foi o mais difícil de sempre e talvez ainda seja preciso subir mais um pouco para atingir o marco que me indica o ponto mais alto. Por enquanto tenho tudo perfeitamente descontrolado, vou curtindo os trilhos e aproveitando as descidas como posso. Estou sem travões.  

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

2016 em fotos

  
 

 
 
           




 


 

Os meus livros #55 - Viver sem ti

SINOPSE

Como seguir em frente depois de se perder a pessoa amada?
Como construir uma vida que valha a pena ser vivida?

Louisa Clark já não é uma jovem banal a viver uma vida banal. O tempo que passou com Will Traynor transformou-a, sendo agora uma pessoa diferente que tem de enfrentar a vida sem ele. Quando um insólito acidente obriga Lou a regressar a casa dos pais, é impossível não sentir que está de volta ao ponto de partida.

Lou sabe que precisa de um empurrão que a traga de novo à vida. E é assim que acaba por ir parar ao grupo de apoio Seguir em Frente, cujos membros partilham sentimentos, alegrias, frustrações e bolos intragáveis. Serão também eles que a levarão até Sam Fielding - um paramédico que trabalha entre a vida e a morte, e o único homem que talvez seja capaz de a compreender. Mas eis que uma personagem do passado de Will surge de repente e lhe altera todos os planos, lançando-a num futuro muito diferente…. Para Lou Clark, a vida depois de Will Traynor significa reaprender a apaixonar-se, com todos os riscos que isso implica.

Em Viver Sem Ti, Jojo Moyes traz-nos duas famílias, tão reais como a nossa, cujas alegrias e tristezas nos tocarão profundamente ao longo de uma história feita de surpresas.

Os meus livros #54 - Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra




SINOPSE

Um jovem estudante universitário regressa à sua ilha-natal para participar no funeral de seu avô Mariano. Enquanto aguarda pela cerimónia é testemunha de estranhas visitações na forma de pessoas e de cartas que lhe chegam do outro lado do mundo. São revelações de um universo dominado por uma espiritualidade que ele vai reaprendendo. À medida que se apercebe desse universo frágil e ameaçado, redescobre uma outra história para a sua própria vida e para a da sua terra. A Pretexto do relato das extraordinárias peripécias que rodeiam o funeral, este novo romance de Mia Couto traduz, de uma forma a um tempo irónica e profundamente poética, a situação de conflito vivida por uma elite ambiciosa e culturalmente distanciada da maioria rural. Uma vez mais, a escrita de Mia Couto leva-nos para uma zona de fronteira entre diferentes racionalidades, onde perceções diversas do mundo se confrontam, dando conta do mosaico de culturas que é o seu país e das mudanças profundas que atravessam a sociedade moçambicana atual.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

2016, o grande Post

Comecei o ano a pedalar debaixo de chuva, dia 01 de Janeiro mantive a tradição e não deixei de pedalar. Revi o ano velho em livros e preparei-me para receber o ano novo. Vivi vários dias debaixo da intempérie, fiz muitos planos e ambicionei mais do que nunca. Comparei gráficos, conquistei cumes e fui feliz no topo da montanha.
Em Fevereiro caí, talvez tenha sido a maior queda que dei da minha bicicleta, mas uma semana depois saí para pedalar, apesar das dores no corpo. Em Fevereiro tive a certeza que poucas coisas me derrubam. Contei histórias muit8 minhas e fiz anos. Perdi meias que recuperei e ofereci meias.  Fiz poesia. Passei frio, andei debaixo de chuva e tive a certeza que sou mais gira de cara suja.
Em Março recebi mimos, continuei a conquistar topos e a ser feliz na montanha, falei dos meus livros e contei sobre a equipa. Contei também pormenores muitos meus, mostrei-me e dupliquei sentimentos. Recebi loiretes e comecei a viajar através dos planos. 
Em Abril testei os meus limites e atirei-me de cabeça aos planos e à loucura, comprei muitos livros e fui livre a pedalar à chuva, assumi-me mais uma vez como fashion Bttista e parti para a primeira grande viagem do ano, regressei muito feliz. 
Em Maio recebi inspiração e passei horas de felicidade perdida nas páginas dos sonhos, pedalei pela primeira vez, desde há muito tempo, sozinha e com a minha música e percebi as saudades que eu tinha de mim. Mostrei a minha viagem e alguns recantos e lugares muito meus.
Em Junho recordei o pódio da amizade e comecei a pedalar na minha pista nos finais de tarde perfeitos. Apaixonei-me pelo Alentejo, por enquadramentos perfeitos e pelos autores que me descrevem. Parti para a segunda grande viagem do ano, descobri e descrevi mais uma vez O Caminho, superei-me, conquistei sonhos e chão, fui muito feliz.
Em Julho só pensava em pedalar, contei histórias e teorias, declamei poesia, mostrei as imagens do meu Caminho e perdi-me na noite, larguei o guiador da vida e senti a liberdade de arriscar. Senti-me sexy, senti-me bem, separei a Vera da Loira, perdi-me no mundo da lua e fiz as pazes com um destino muito especial. Em Julho implorei pelo meu carteiro, como sempre e fui notícia.
Em Agosto caí novamente, desta vez foi só divertido. Olhei para o infinito com novos olhos, planeei uma nova aventura. Sentei-me calma e tranquila no topo da montanha, colori a minha alma de rosa choque e parti para a caminhada que mudou a minha vida, de mochila às costas e de coração cheio. Voltei mais apaixonada pela vida que nunca e dei a volta ao meu mundo.
Em Setembro foi tempo de rescaldos, de histórias e de lembranças. Olhei para o mundo através de uma outra objectiva, choveu-me na alma e senti-me uma princesa. Fui para um fim de semana especial com as minhas Loiretes amigas e voltei com todas as certezas do mundo. Vi o Outono a chegar em cima da minha bicicleta, voei, fui louca, fugi e descarrilei o comboio da minha vida.
Em Outubro continuei a somar quilómetros à minha vida e fui a pessoa mais decidida do mundo. Esperei por tempo que me pareceu indeterminado pela mudança e aceitei um grande desafio. Tive urgência de viver, fui ao pódio, assumi ao mundo uma perda irreversível, escondi-me nas entrelinhas e percebi que há alturas em que é preciso reaprender, até as coisas que mais gostamos.
Em Novembro fui correr um trail e vivi o primeiro dia do resto da minha vida. Recordei bocadinhos de mundo só meus e encontrei-me nas curvas e contracurvas da vida. Arrumei os armários e o meu mundo e escondi histórias que não posso contar.
Dezembro ainda vai a meio, continuo a ver o mundo de cima do meu selim, resolvi publicar todos os livros lidos que estão em atraso e este blog fez 7 anos. Decidi oferecer-lhe o carinho e o tempo que ele merece e que eu não lhe tenho dedicado. Estou a cumprir a tradição de olhar para o blog e fazer um resumo do meu ano através daquilo que escrevi e daquilo que escondi. Este meu diário é uma paixão. O ano, retratado no grande post, ainda não acabou, faço o ponto final com a certeza que ainda há muito para escrever e para contar sobre 2016.

Resoluções de 15 de Dezembro

Pessoas que esperam pelas doze badaladas do novo ano para fazer uma dieta, para se inscrever no ginásio, para tomar decisões, para deixar de beber, para deixar de fumar, para começar a correr ou a fazer seja lá o que for, sabem que podem fazer tudo isso ainda no ano velho? Há sempre muito para viver, a vida é aqui e agora, não começa só daqui a quinze dias. Troquem o "depois é que vai ser" pelo "agora é que é". Resoluções de 15 de Dezembro: Não deixem para o ano novo aquilo que podem viver ainda no ano velho. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O título deste post poderia ser: "Loira também dá dicas de prendas de Natal", mas aposto que vocês iam achar que eu vos mandava comprar meias

Sou contactada muitas vezes para ajudar pessoas que se querem fazer ao Caminho, ajudo com todo o prazer do mundo. É bom dar as indicações que só a experiência e as vivências nos trazem, é bom saber que posso ajudar de alguma forma, é bom perceber que há pessoas desse lado do ecrã que lêem os meus relatos e se entusiasmam para partir, é bom receber as fotos e o rescaldo no fim das viagens que de uma forma ou de outra ajudei a organizar. Talvez cada mail, cada dúvida, cada pedido, cada história e cada pergunta vossa faça valer mais a pena.
Recebi um destes dias mais um pedido muito especial, de alguém que queria oferecer O Caminho de prenda de Natal. A mim pareceu-me a prenda mais encantadora que eu já vi. Está tudo tratado e eu tenho um grande sorriso no rosto, há alguém que este Natal não vai receber coisas, vai receber vida. E na minha visão do mundo, este só pode ser um Natal único. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Os meus livros #53 - SIDDHARTHA um poema indiano




SINOPSE


Siddhartha, filho de um brâmane, nasceu na Índia no século VI a.C. Passa a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto o jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior. Em páginas de rara beleza, Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue. Lê-lo é deixar-se fluir como o rio onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.

Os meus livros #52 - Os da minha rua




SINOPSE

Há espaços que são sempre nossos. E quem os habita, habita também em nós. Falamos da nossa rua, desse lugar que nos acompanha pela vida. A rua como espaço de descoberta, alegria, tristeza e amizade. Os da Minha Rua tem nas suas páginas tudo isso.

Como num filme, sempre me acontecia isso: eu olhava as coisas e imaginava uma música triste; depois quase conseguia ver os espaços vazios encherem-se de pessoas que fizeram parte da minha infância. De repente um jogo de futebol podia iniciar ali, a bola e tudo em câmara lenta, um dia eu vou a um médico porque eu devo ter esse problema de sempre imaginar as coisas em câmara lenta e ter vergonha de me dar uma vontade de lágrimas ali ao pé dos meus amigos. A escola enchia-se de crianças e até de professores, pessoas que tinham sido da minha segunda classe, da terceira... Quando alguém me tocava no ombro, as imagens todas desapareciam, o mundo ganhava cores reais, sons fortes e a poeira também.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Loira, o que vês do teu selim?


Adrenalina

Os meus livros #51 - O Homem que perseguia o tempo





SINOPSE

Esta é a História de William Bellman, que começa no momento em que, ainda rapaz, brinca com os amigos no meio rural inglês. William impressiona os companheiros ao matar uma gralha-calva com uma fisga. Os anos vão passando e William continua a impressionar. É um jovem de sucesso, tem jeito para os negócios, chega ao cargo mais elevado de uma fiação local, casa-se e tem quatro filhos inteligentes, e espera que a vida lhe continue a correr de feição. É então que surge uma doença na sua localidade. William perde a mulher e três dos filhos. Em desespero, faz um pacto com um estranho vestido de negro. A sua filha mais velha é poupada, mas William muda-se para Londres, abre uma loja e dedica-se inteiramente ao trabalho, incapaz de reviver.

Os meus livros #50 - O segredo do escritor



SINOPSE

O atraente e carismático Oliver Ryan é a imagem do sucesso. Ele e a mulher, Alice, levam uma vida invejável de privilégio e bem-estar. Invejável até que, certa noite, depois do jantar, Oliver agride Alice com tal violência que a deixa em coma.

O próprio Oliver fica aturdido com o seu gesto. No período que se segue, enquanto todos tentam perceber o que terá motivado esse surpreendente ato de selvajaria, Oliver conta a sua história. E o mesmo fazem aqueles com quem a sua vida se cruzou ao longo de cinco décadas. A verdade é ao mesmo tempo trágica e monstruosa, uma história de vergonha, inveja, fraude e manipulação.

Só Oliver sabe o que teve de fazer para alcançar a vida que ambicionava e a que sentia ter direito. Mas nem mesmo ele está preparado para o choque que a revelação do passado lhe reserva. O Segredo do Escritor é uma história invulgar de tensão psicológica, um retrato complexo e empolgante sobre a génese de um sociopata, na tradição de Barbara Vine e de Patricia Highsmith.

Os meus livros #49 - A casa do silêncio


SINOPSE

Orhan Pamuk é um dos escritores turcos mais promissores e reveladores de uma literatura moderna do seu tempo. Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da literatura consagrando a sua carreira por todo o mundo. Na última década Pamuk distinguiu-se na Turquia como uma das mais interessantes figuras literárias e agora encontra-se publicado em cerca de 50 países.

Em A Casa do Silêncio a narrativa é uma vez mais ambientada na Turquia, numa pequena cidade portuária, onde sopra do mar um vento fresco e as folhas da figueira murmurejam. Nessa cidade vive Fatma, uma senhora idosa com quase noventa anos e o seu criado Rédjep, um anão com 55 anos. Rédjep, filho ilegítimo do falecido marido de Fatma é um dos primeiros habitantes de Forte Paraíso e anseia que as pessoas o tratem bem, ou pelo menos que não o excluam ou trocem dele, como alguns rapazes o fazem. Fatma também não o trata muito bem, diz que ele é um pigmeu nojento que pertence à raça dos lacaios mas no fundo sabe que o seu auxílio é precioso. E ainda mais agora que se avizinha a chegada dos três netos, que não podiam ter personalidades mais diferentes. Fatma esconde porém um segredo e vive na ansiedade de pensar se os seus filhos a rejeitarão. Um romance notável, o primeiro do autor a ser traduzido para o Ocidente.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Hoje, este blog faz 7 anos

Quando começou eu não fazia a mais pequena ideia do que era a blogosfera e achava que podia escrever eternamente num espaço só meu. Estava completamente enganada. Começaram a chegar alguns seguidores, algumas visitas e alguns comentários, eu surpreendi-me sempre, a cada número, até que os números deixaram de ser números e se tornaram muito mais.
Desde que este blog começou já o apresentei a algumas das minhas pessoas e já me apresentei a algumas das pessoas dele, já foi descoberto por algumas das minhas pessoas e eu já fui reconhecida por algumas das pessoas dele. Já me ofereceu vida, já me ofereceu amizade e carinho, já me ofereceu inspiração. Este blog já me trouxe muitas coisas, ofereceu-me pessoas únicas e momentos inesquecíveis, ofereceu-me gargalhadas e lágrimas, ofereceu-me histórias e está sempre aqui para mim, mesmo quando eu o abandono por tempo indeterminado. Continuo a surpreender-me sempre, com cada gesto, com cada lembrança, com cada pedido, com cada partilha, com cada história, com cada coisa que me chega. Este blog continua a não ser números, este blog é muito mais.
Este blog é meu, mas são as pessoas que o fazem, é só por causa delas que continua a valer a pena preencher espaços em branco com bocados meus, que continua a valer a pena mostrar-me e esconder-me nas entrelinhas, que continua a valer a pena alimentar este espaço tão meu.
Hoje, este blog faz 7 anos, vou oferecer-lhe o carinho e o tempo que ele merece e que eu não lhe tenho dedicado. Este blog é paixão. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Loira, a vaidosa

Viver sozinha tem as suas vantagens, poderia enumerar aqui uma vasta lista delas, mas este post serve para falar da fashion blogger que há em mim. Tenho uma espécie de obsessão por roupas de ciclismo, que ocupam a minha parte preferida do roupeiro há muito tempo. E se a parte do roupeiro dos calções e calças de licra com almofadas, dos jerseys, das térmicas, dos impermeáveis, dos casacos de inverno e de toda aquela piroseira que uso para pedalar já era impressionante, agora está um escândalo. Já não é uma parte mas um todo. O espaço a mais serviu-me para espalhar e separar aquilo que já começava a ficar apertado e desorganizado por excesso de compras e de paixão. Tenho, desde que fiz as arrumações necessárias um imenso orgulho no meu roupeiro de pedalar, abro-o vezes sem conta, suspiro, sorrio, é só meu e é lindo. Sento-me no chão, em frente ao roupeiro mais fashion, colorido e piroso de todo o sempre e tento escolher o que vestir na próxima pedalada, mas parece que é cada vez mais difícil, a vaidade tem as suas desvantagens. Um dia destes fotografo o meu novo roupeiro só para publicar, vou ser mais fashion blogger do que nunca, um dia destes, depois de chegarem as muitas peças que vêm a caminho do meu roupeiro. Socorro, não consigo parar. Socorro, continuo a não ter nada para vestir. 

Querido diário

Mostras-me a diferença entre aquilo que fui e aquilo que sou.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Querido diário

Continua a ser fascinante escrever-me em ti.

Há coisas que ficam para sempre

Acabou a minha água, ainda tens? Força, é a última subida. Só faltam 10 km. Vamos mais devagar. Temos de parar uns minutos. Vamos ao teu ritmo. Deixa-se só recuperar. Tenho um furo. Tens um elo de corrente? Precisas de beber? Queres uma barrita? Ainda tenho um chocolate. Preciso da tua ajuda. Tens uma câmara-de-ar? Quem é que vem a fechar? Claro que aguentas. Agora é sempre a descer. Tira ferro. Não é preciso levar luzes, chegamos cedo. Eu sei o caminho. Anda atrás de mim. Falta pouco. Caí. Magoaste-te? Eu também vou. Vamos? Faço a tua inscrição? Apanha a minha roda. Estamos mesmo a chegar. Queres metade da minha fruta? Monta e anda. Chegamos. Conseguimos. Boa. Para a semana voltamos. No próximo ano a viagem será mais longa. Quantos km são? Qual é o acumulado de subida? Vamos treinar? Marcamos voltinha com almoço? Pedalamos o dia todo? Queres vir? Vou contigo. Marca com a equipa. Avisa o pessoal.

Há coisas que ficam para sempre, chamam-se amizades. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"Domingo sabe de cor o que vai dizer segunda-feira"


Não há nada de interessante, de mágico ou de desejoso em seguir pela estrada da vida em linha recta, sempre dentro dos limites de velocidade que nos são impostos e com um destino certo e esperado pelos outros a alcançar. Eu sou de instabilidade, sou de desejos, sou de instintos, sou de sonhos, sou de excessos, sou de aventura, sou faminta de inesperado e de vida, sou de viagens sem destino, mas sempre a alcançar novas metas e objectivos. Eu sou de curva e contracurva. 

Marco quilométrico

Há um marco quilométrico que me indica que faltam quinze quilómetros para chegar ao meu destino do coração, é o marco que marca a minha visão dos quilómetros, a mudança no meu corpo e o espírito com que encaro as viagens de vida. A primeira vez que lá passei, na minha bicicleta, olhei-o com um sentimento de cansaço e de desespero, olhei-o triste e com dores, pensei que ainda faltavam quinze quilómetros para o destino, suspirei, queria chegar rapidamente, queria que acabasse, já só pensava na meta e quinze quilómetros parecia-me tanto e tão longe. Passei lá uma segunda vez, na minha bicicleta, um ano depois e inconscientemente olhei para o mesmo marco e pensei com tristeza que já só faltavam quinze quilómetros para acabar, a minha tristeza desta vez era diferente, queria prolongar a viagem, estava bem fisicamente, queria aproveitar cada quilómetro, cada metro, cada bocadinho daquele tanto que a viagem me oferecia e quinze quilómetros parecia-me tão pouco e tão perto. Só em casa pensei nisto, só no regresso percebi a mudança que ocorreu em mim num ano, entre um caminho e o outro, só depois de rever as minhas viagens com calma e de coração cheio soube que aquele marco, além dos quilómetros, marcava também algo em mim.
Depois disso já lá voltei a passar incontáveis vezes na minha bicicleta e olhei-o sempre, ao marco quilométrico e de vida, com o carinho e a importância que ele merece da minha parte. Há bocadinhos de mundo que são mais nossos do que dos outros.
Se me dissessem há uns anos que um dia passaria por lá a pé eu não iria acreditar, mas aconteceu. Talvez as dores nunca tenham sido tão intensas, mas quando cheguei ao meu marco dos quinze quilómetros para o destino não tinha pressa de chegar, não tinha desespero de acabar com o sofrimento, não tinha a meta na minha cabeça. Queria aproveitar cada passo, queria demorar o máximo de tempo possível, sabia que aqueles últimos quilómetros seriam muito importantes para mim, queria viver o caminho sem pensar no destino e precisava que aquele final fosse eterno. Consegui. O marco quilométrico e de vida foi mais uma vez muito importante para mim, nunca quinze quilómetros tinham sido tão pouco e tanto, nunca quinze quilómetros tinham sido tão perto e tão longe. Há bocadinhos de mundo que são mais nossos do que dos outros, aquele marco quilométrico e de vida é bem capaz de ser só meu. A vida é uma viagem, não é um destino. 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Pela vossa saúde, não corram

Ainda não sou capaz de explicar como isto aconteceu, mas há uns tempos atrás umas pessoas que se dizem minhas amigas convenceram-me a correr um trail. Eu não corro, eu não sei correr, as pessoas que se dizem minhas amigas sabem que eu não corro, toda a gente no mundo e arredores sabe que eu não corro. Isto tinha tudo para correr mal a não ser o facto de eu, depois de entrar num desafio, não ter capacidade psicológica para desistir dele. Depois de alinhar nesta loucura a ideia passou a ser morrer, mas só depois de passar a meta e de ter conseguido cumprir o objectivo. Tentei treinar algumas vezes, mas confesso que eram só tentativas de corrida, porque aquele tempo era geralmente passado a caminhar e a ter uma boa conversa. Domingo passado lá fui eu, de trombas e em completa negação correr os 17 km que prometia o cartaz, mas que afinal eram 18,8 Km. Sim, correr 17 km era pouco, então a organização achou que quase mais 2 km era uma alegria para todos os participantes. Corri, caminhei, subi e desci encostas, passei rios, saltei, molhei-me, caí, levantei-me, voltei a correr, subi pedregulhos, quase voltei a cair, sonhei com a minha bicicleta e cheguei à meta, contrariada mas feliz, por ter conseguido atingir o objectivo e por ter superado o desafio. Ah... que coisa espectacular, dizem vocês. Não vão nessa. A pior parte é depois de passar a meta, são dores insuportáveis no corpo todo, são músculos que eu desconhecia existirem e que agora decidiram manifestar-se, são pernas que mal se conseguem mexer, são sensações que não consigo explicar. Pela vossa saúde, não corram, mas se correrem saibam desde já, vão ficar todos fodidos.

O lado B da vida

Num Maio já bastante longínquo da minha carreira profissional aconteceu o caos. Foi pedida a insolvência do nosso maior cliente. Era a tragédia, o pânico, o horror. Como iríamos nós sobreviver? Como fazer para liquidar os compromissos agendados? Como resolver os descontos bancários? O que fazer a seguir? De repente o mundo desabava à nossa volta, o desemprego naquela empresa não eram só números e estatísticas, tinha rostos, tinha nomes, ninguém conseguia ficar indiferente, nós falávamos com aquelas pessoas todos os dias, a seguir podia ser a nossa vez. Reuniões de urgência, planos, alternativas, soluções eram necessárias, mas não havia muito o que pudesses ser decidido ainda, era demasiado cedo para saber o impacto que aquilo poderia ter na vida da nossa empresa. O ambiente era de terror, o nervosismo tomava conta de todos.
Loira, e você, o que tem a dizer sobre isto? Não fique calada, diga qualquer coisa. Tem de haver algo que você possa dizer. Claro que sim... Já pensou no dinheiro que vamos poupar em ofertas no próximo Natal? 
Talvez seja possível que a vida tenha sempre um lado B.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Dilúvio

Desliguei a música e fiquei só a ouvir o som da chuva que cai torrencialmente. Estes dias apaixonam-me. Depois do dilúvio o renascimento. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Reaprender a ler

Ler um livro num dia, ler dois livros por semana, ler de oito a dez livros por mês, ler sem parar, ler por paixão. Há muito tempo que não o consigo fazer, tanto que corresponde a uma eternidade no meu mundo de capas, contracapas, páginas, personagens, histórias, imaginação e sonhos. Não conseguir ler é como se uma parte de mim se tivesse perdido, uma parte muito importante. Ontem, depois de muitas tentativas com outros livros separei A contadora de filmes de Hernán Rivera Letelier e A metamorfose de Frank Kafka, no meio do desespero de não me conseguir concentrar e de não conseguir viver as páginas de liberdade de que tanto gosto pareceram-me os livros ideais para reaprender a ler. Abri A contadora de filmes e só o fechei na última palavra, do último parágrafo, da última página, depois de um suspiro e de um enorme sorriso de felicidade. Hoje vou ler A metamorfose. Talvez reaprender a ler não seja assim tão difícil, só tenho de encontrar a parte de mim que andava perdida e agora tenho a certeza que é nas páginas dos livros que me reencontro. 


(Aos que perguntam pelas publicações dos livros que leio, estão muito atrasadas, mas em breve trato do assunto)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Ganheeeeiiiiiii!!!! *

Pois que acabei de saber não só que ganhei um prémio como também que estava habilitada a conseguir uma coisa destas. Estou muito feliz pelo reconhecimento e principalmente pelo empeno. Uhhhhhh. Uhhhhhhh!!!!! Quase 7 anos depois de Blog e de pedaladas é bom saber que continuo a brilhar para vocês. E, sobretudo, é bom saber que não sou chata o suficiente para vocês se passarem ao caralho depois da primeira frase. Obrigada, obrigada, obrigada!

Óbvio que o maior reconhecimento vai para vocês que eu penso que me lêem, mas que clicam no feed por engano vezes suficientes para alimentar o meu ego. Este Blog existe para vocês saberem que eu sou a maior e que as minhas pedaladas são dignas de aplausos. Aos outros dois ou três que não chegam aqui enganados eu um dia destes pago um jantar.


Depois, obrigada a todos os que tornaram isto possível, os meus amigos que não têm outro remédio senão acompanhar-me porque eu os obrigo a isso, aos meus pais que vão aceitando a minha pancada porque não fizeram mais nenhum filho e têm de me suportar tal como sou, ao chefe que sem saber patrocina em horas não só a escrita como os sonhos e os planos de aventuras e a todos os que me inspiram a ser louca todos os dias. 

Por fim, obrigada a quem teve a iniciativa de organizar maratonas e de reconhecer as pessoas que querem pedalar por paixão e sobretudo a quem me acompanhou e ofereceu a roda durante todo o trajecto. Ser a blogger bttista mais fashion de todo o sempre e ainda ter direito a uma taça é muito especial para mim, claro que todos mereciam, mas eu não tenho culpa de ser mais gira e mais estilosa do que todos os outros. Da próxima peço que me avisem que ganhei assim que passar a linha da meta, ou pelo menos que me informem que há a possibilidade de isso acontecer, só para eu ter tempo de lavar a cara e apertar os cordões antes de ser chamada ao pódio.

O prémio é dedicado à minha bicicleta, sem ela seria impossível pedalar e ter tanto estilo. 



* Este post contém ironia (já tinham percebido, não já?)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Até parece um fashion post

Troquei os saltos pelos rasos. Mudei. Inventei-me. Caminho agora mais depressa e decidida, como se caminhar fosse uma dança. Não penso no destino, só penso no caminho a percorrer. Não me importa o estado do pavimento nem penso no desequilíbrio. Fiquei mais baixinha e mais gordinha, mas a cada passo sou mais feliz. Já não tento estacionar sempre perto da meta a alcançar, percorro as ruas e aprecio a calçada e as inclinações. Olho para o horizonte e para as pessoas sem os dez a quinze centímetros que me separavam sempre do chão. Todos os dias me surpreendo com o meu novo estilo e gosto cada vez mais. Sou mais livre agora. Estou mais perto do solo mas também mais perto do mundo da lua. Troquei os saltos pelos rasos. Mudei. Inventei-me. Até parece um fashion post. Até parece que estou a falar de sapatos. 

O meu amor morreu...

O amor morre. A vida não é sempre cor-de-rosa. Há sonhos que desaparecem no infinito. Não foi para sempre. Não durou a vida toda. O meu amor morreu. Não morreu de um acidente fatal e inevitável nem de morte súbita, morreu de doença prolongada e degenerativa. Foi enfraquecendo, perdendo as forças, perdendo o sentido, foi respirando cada vez mais devagar, foi-se alimentando cada vez com mais dificuldade. E morreu. Morreu à fome. A vida segue lá fora. O funeral está a ser difícil e doloroso, mas não há luto que dure para sempre, ou há, mas neste momento prefiro pensar assim. A vida segue lá fora. O meu amor morreu. E eu sigo com a vida, porque o amor morre, mas a vida não. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Olá Outono

Separei as roupas de cores escuras no roupeiro, saí de casa com um pouco de cor nos olhos, olhei para as saias, para os calções e para os vestidos, posso finalmente abusar deles depois de um verão inteiro a esconder as pernas e as marcas do sol deixadas pelos calções e pelas meias que uso a pedalar, olhei para os casacos de pêlo, para os lenços e os cachecóis, para as botas e as combinações possíveis. Adoro as mudanças e as promessas de dias diferentes. O Outono é a minha estação do ano. Já só penso na chuva e no frio que as pedaladas me vão oferecer, na lama, na cara suja e na sensação de liberdade que me faz o sabor da chuva e o cheiro a terra molhada. Adoro as cores destes dias e as folhas no chão. Já só penso nos banhos quentes depois das aventuras, na manta e no sofá, nos livros e no chá quente, nos dias de cama com a chuva a cair torrencialmente na janela. Já só penso nos dias pequenos e nas longas noites. Já só penso na lareira e nas maças assadas do meu pai, nos dióspiros com canela e em tudo o que o frio me traz. Adoro as mudanças e as promessas de dias diferentes. O Outono é a minha estação do ano. Este será um Outono de renovação e de paz, aquele que vai mudar a minha vida. Tenho urgência de viver. Olá Outono. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Manias

Há algo de poético, de poderoso e até de excitante em caminhar descalça no chão gelado.

Adeus mundo, foi bom enquanto durou

Não me perguntem como, quando ou porquê mas há por aí certas e determinadas pessoas que me convenceram a correr um trail de 17 km daqui a poucas semanas. Eu não corro, eu sei que não corro, as alminhas que me convenceram a isto sabem que eu não corro, toda a gente sabe que eu não corro. Juro que até já tentei e a sensação de liberdade e de capacidade é fantástica, mas as dores em geral e os meus joelhos em particular fizeram-me sempre desistir. Pelo menos até agora. Agora estou disposta a testar a minha respiração, as minhas pernas duras e programadas só para pedalar, os meus joelhos, o meu corpo, as dores e os meus limites. Agora estou disposta até a morrer, que é o que me parece que vai acontecer depois de ter corrido duas vezes esta semana e de não haver neste momento nada que não me doa. Agora estou disposta até a morrer, porque toda a gente sabe que quando entro num desafio é para chegar ao fim. Adeus mundo, foi bom enquanto durou. Morro, mas a chegar à meta, depois de ter corrido os 17 km. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

E o comboio que nunca mais chega

Sempre achei as estações de comboios lugares românticos, gosto da linha condutora a destinos, naquele dia a estação parecia-me ainda mais especial. Sentei-me num banco, com o meu bloco de notas apoiado nos joelhos, a caneta pronta a rascunhar tudo o que me ia na alma e com as ideias a fervilhar, a minha música tocava baixinho, vivi a aventura da minha vida e sabia que depois daquilo nada voltaria a ser igual. Regressei com a maior mudança de sempre. Observei as pessoas e inventei-lhes histórias, imaginei situações, empregos, desgostos, amores, despedidas, regressos, criei nomes, idades, profissões, famílias e destinos. Não apanhei o primeiro comboio, quis ficar mais tempo ali, parecia-me que no meio da multidão eu era a única pessoa perdida, queria ir para qualquer lugar, só não queria ir para o lugar onde tinha de estar, a minha casa. Entrei no último comboio, não podia adiar mais. O sentimento mantém-se. 

Escrever...

Pode ser a solução.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Loira, a decidida

A vida pode ser difícil às vezes. A vida pode roubar-me tempo. A vida pode roubar-me pessoas. A vida pode roubar-me coisas. A vida pode roubar-me a razão. A vida pode roubar-me a inspiração. A vida pode dar voltas e reviravoltas, fazer piruetas e acrobacias. O meu mundo pode ficar de pernas para o ar. A vida pode até dar-me grandes lições para me mostrar que aquilo em que acredito não é o certo. Que seja. A vida só não pode tirar-me a identidade, a capacidade de sonhar e a vontade de voar. Tenho asas em mim. 

A minha querida cadeira

Terça levantei-me ao final do dia e deixei-a para trás, à minha querida cadeira do escritório. Devia ter ficado em casa mas optei por ir pedalar na minha pista, 32,8 Km. Ontem saí bem cedo de casa para viver uma grande aventura e superar um grande desfio e retornei já ao final do dia, com 160,2 km no contador. Pedalei 193 km num pequeno intervalo de tempo que o calendário me proporcionou. Hoje estou de regresso, à minha querida cadeira do escritório. Com licença, vou descansar. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ando demasiado ocupada

A ver o comboio da minha vida descarrilar.

Loira, a fugitiva

Sentei-me sozinha no topo da montanha depois de carregar e montar as luzes e de a subir a um ritmo lento e doloroso. Fiquei por lá a ver o dia a ir embora e as luzes da cidade a aparecerem cada vez com mais intensidade. O trânsito e a vida passam lá em baixo a um ritmo vertiginoso enquanto eu os observo com a calma e a paz que a montanha me transmite. Ouvi a minha música e respirei calmamente enquanto a noite caía. Liguei as luzes e desci a montanha, mais uma vez lentamente porque rumo à cidade de onde fujo cada vez mais. A montanha é o sítio onde mais gosto de estar no mundo, é lá que me sinto em casa. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O vôo dos loucos...

Controlar a bicicleta nas descidas cheias de pedras até ficar com os braços a doer. Tentar escolher o melhor trajecto e ao mesmo tempo não perder velocidade. Travar o menos possível e no sítio certo. Não pensar em quedas, em ossos ou dentes partidos. Ficar com os gémeos a arder de descer tanta pedra. Dar saltinhos e sorrir. Divertir-me ao máximo. Largar os travões, abrir ligeiramente as pernas e puxar o rabo para trás. Sentir o vento na cara. Estar feliz. Há muito tempo que não me divertia tanto a descer. Pedalar são as minhas asas. Ontem voei. Ontem voei muito alto. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Loira, a pindérica. Ou... blogger de sucesso que é blogger de sucesso mostra pelo menos uma vez na vida o seu guarda-roupa

Transformei a minha bicicleta, rosa e amarela, única no mundo e arredores, pensada por mim em cada pormenor, perfeita, feminina, a mais bonita de todo o sempre. Mandei pintar também o capacete, para ficar exactamente igual, comprei sapatos de encaixe das minhas cores, escolhi óculos e luvas para combinações perfeitas. Uns lacinhos, umas pulseiras adequadas ao pedal, os acessórios ideais. Escolho e compro equipamentos com uma paixão indescritível, tenho casacos, térmicas, coletes, impermeáveis, calções, jerseys de manga curta e comprida, manguitos e tudo o mais que se possa imaginar de todas as cores e feitios. Apaixono-me por coisas diferentes e inesperadas. Terei quase uma centena de meias coloridas até ao joelho, não saio de casa para pedalar sem elas. Penso em todos os pormenores antes de me vestir para pedalar, como se cada dia fosse um dia muito especial. Faço combinações perfeitas ou improváveis, dependendo do meu estado de espírito. E mesmo de cara suja acredito que estou sempre gira com todas as minhas paneleirices.


Mas... e há sempre um mas. Domingo tenho uma maratona e... SOCORRO... não tenho nada para vestir. 

Às vezes penso em escrever...

Escrever não pode ser fabricado, não pode ser obrigatório, não pode ter hora marcada. Escrever é uma necessidade e uma paixão, escrever é natural, surge em qualquer sítio e a qualquer momento. Já me vi a apontar ideias enquanto esperava que o semáforo ficasse verde ou a acordar a meio da noite e procurar o meu caderno, já interrompi conversas para não deixar fugir um pensamento, já parei tudo para não perder uma frase que surgiu de repente na minha cabeça. Às vezes penso em escrever, mas quando penso nisso nunca consigo fazê-lo, escrever tem de ser imprescindível e inadiável, escrever tem de ser num momento de pura inspiração. Escrever é característico, espontâneo e genuíno. Às vezes penso em escrever, mas é quando penso que desisto de o fazer. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

E é assim que vejo o Outono a chegar...

Visto-me de colorido e limpo a corrente, mudo as lentes dos óculos e monto as luzes com a bateria carregada, encho o bidão de água e meto o capacete, volto atrás para pegar em roupa adequada ao frio que se adivinha, escolho as luvas e os sapatos de encaixes que fiquem melhor na roupa que vesti, não saio sem comer qualquer coisa, sem enrolar os phones no corpo e sem colocar a minha música a tocar.
Dou as primeiras pedaladas ainda com a luz do sol, vejo a noite a cair enquanto subo ao topo da montanha, além da música só existem os sons da natureza e da minha respiração. Faço a descida já com a escuridão da noite, à minha frente só vejo os metros que a minha luz consegue alcançar, sinto o frio da noite no corpo e pedalo ainda mais rápido para tentar aquecer-me, olho para o céu e vejo as estrelas e a lua, aproveito cada quilómetro de uma forma especial.
Haverá sensação de liberdade maior que esta? Talvez, se chovesse... E é assim que vejo o Outono a chegar...

terça-feira, 20 de setembro de 2016

A amizade é uma das mais bonitas formas de amor


Este blog não segue uma linha editorial

Aqui escreve-se sobre pedais, montanhas, liberdade, viagens, sonhos, realizações, livros, paixões, aqui contam-se histórias da minha vida, aqui escrevem-se as maiores parvoíces de que me lembro. Este blog não tem uma linha traçada no horizonte, é uma busca de inspiração constante e uma forma de mostrar ao mundo pedaços meus. Há dias em que este blog é cheio de tudo. Há dias em que este blog é cheio de nada. Há dias em que este blog só queria encontrar forma de contar rascunhos de vida sem ter de os esconder nas profundezas das entrelinhas. Este blog é uma confusão. Eu também.