sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

João Pedro

A minha prima estava grávida e no dia em que me contou eu fiz uns cálculos estúpidos e infundados e afirmei com toda a convicção do mundo que o puto ia nascer exactamente no mesmo dia que ela. Ela riu-se, nem eu podia saber ainda que era um miúdo, muito menos adivinhar o dia em que iria nascer. Passei os meses seguintes com a mesma certeza, marcando e alterando as agendas com coisas cá nossas, sempre com o dia 15 como sendo o dia em que ela ia parar ao hospital. Ela continuava a rir-se e a chamar-me parva. No dia 15 liguei-lhe, para lhe desejar os parabéns e perguntei se já estava no hospital ou se eu tinha de esperar mais para o fim do dia para ter notícias, mas quando ela me disse que sim, que estava mesmo no hospital e que o puto ia nascer daqui a pouco deixei de acreditar, ela só podia estar a brincar, não podia ser verdade. Até que percebi que ela estava a falar a sério e chorei, chorei, chorei, chorei de emoção, de felicidade, de sei lá o quê. Quando, meia hora depois, recebi a mensagem a avisar-me que o puto já tinha nascido ainda eu não tinha parado de chorar. Faz hoje dois anos.

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