quarta-feira, 19 de outubro de 2016

E o comboio que nunca mais chega

Sempre achei as estações de comboios lugares românticos, gosto da linha condutora a destinos, naquele dia a estação parecia-me ainda mais especial. Sentei-me num banco, com o meu bloco de notas apoiado nos joelhos, a caneta pronta a rascunhar tudo o que me ia na alma e com as ideias a fervilhar, a minha música tocava baixinho, vivi a aventura da minha vida e sabia que depois daquilo nada voltaria a ser igual. Regressei com a maior mudança de sempre. Observei as pessoas e inventei-lhes histórias, imaginei situações, empregos, desgostos, amores, despedidas, regressos, criei nomes, idades, profissões, famílias e destinos. Não apanhei o primeiro comboio, quis ficar mais tempo ali, parecia-me que no meio da multidão eu era a única pessoa perdida, queria ir para qualquer lugar, só não queria ir para o lugar onde tinha de estar, a minha casa. Entrei no último comboio, não podia adiar mais. O sentimento mantém-se. 

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