sábado, 28 de abril de 2018

Os meus livros #24 - As recordações (David Foenkinos)

 

SINOPSE


«"No seu lugar, eu refugiar-me-ia numa recordação." Sim, foi isso que ele disse e, depois, acrescentou: "Iria para um lugar onde tivesse sido feliz. Na sua idade, era certamente o que eu faria."» Quando a avó do narrador foge do lar onde se encontra a viver, este sabe que não pode ficar de braços cruzados à espera de ver as autoridades agirem. Mas que sabemos nós das recordações das outras pessoas?... Em As Recordações, David Foenkinos oferece-nos uma reflexão plena de sensibilidade sobre o tempo, a memória, a velhice, os conflitos de gerações, o amor conjugal, o desejo de criar e a beleza do acaso.







Apaixonei-me por David Foenkinos a primeira vez que o li por isso resolvi reler o livros que tenho dele, As Recordações foi o primeiro uma vez que me fez suspirar muito. David Foenkinos escreve como uma espécie de poesia em prosa, adoro-o de paixão. 

domingo, 22 de abril de 2018

Os meus livros #23 - Peregrino (Terry Hayes)




SINOPSE


Uma corrida vertiginosa contra o tempo e um inimigo implacável.


Uma jovem mulher brutalmente assassinada num hotel barato de Manhattan. Um pai decapitado em praça pública sob o sol escaldante da Arábia Saudita. Os olhos de um homem roubados do seu corpo ainda vivo. Restos humanos ardendo em fogo lento na montanha de uma cordilheira no Afeganistão. Uma conspiração para levar a cabo um crime terrível contra a Humanidade. E um único homem para descobrir o ponto preciso onde estas histórias se cruzam: Peregrino.






Para quem gosta de calhamaços,  para quem gosta de suspense, para quem gosta de emoções fortes, este livro é uma mistura de histórias, de vivências e de aprendizagens. Não consegui parar de ler as 650 páginas de ansiedade.

sábado, 21 de abril de 2018

Os meus livros #22 - O Amante (Marguerite Duras)





SINOPSE



"A narrativa fala das incertezas de uma adolescente que tem a sua primeira experiência do amor físico, se lança na travessia dos sentidos, e procura a libertação do domínio da mãe e da asfixiante relação que esta tem com o filho mais velho. Esta paixão adolescente decorre num cenário exótico, perverso, num fundo de lentidão e meandros asiáticos. " 









Comprei um pequeno lote de livros usados entre os quais estavam quatro da Marguerite Duras, este foi o primeiro que escolhi para ler e adoro-a, como já tinha constatado em leituras anteriores. O meu livro não tem esta capa, é a edição da biblioteca sábado e a imagem mais pornográfica também lhe fica muito bem, apesar de ser um livro que considero muito triste.  

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Calhamaço

Os livros não se medem aos palmos, toda a gente que os ama de paixão sabe disso, os livros não se medem pelas páginas, não se medem pelo peso, não se medem pela capa, não se medem pelo tempo que nos demoram a ler, não se medem pelo cheiro, embora tudo isso seja apaixonante nos livros. Os livros não se medem aos palmos, medem-se pelas emoções, medem-se pelos sentimentos, medem-se por aquilo que nos fazem e que nos mudam, toda a gente que os ama de paixão sabe disso, que os livros são capazes de mudar vidas, de nos mudar o mundo.
Os livros não se medem aos palmos, mas apesar disso não há nada como um bom calhamaço. Um calhamaço daqueles que nos pesa na mala, mas que nos deixa a alma leve. Um calhamaço daqueles que nos faz doer os braços de tanto ler, mas que nos faz sonhar. Um calhamaço daqueles que queremos muito acabar para saber o fim, mas que não queremos acabar porque cada frase nos parece o melhor do mundo. Um calhamaço daqueles intermináveis, mas que nos prendem a ele. Um calhamaço daqueles que lemos, e relemos e voltamos a reler, mas que há sempre algo de novo a descobrir. Um calhamaço que de tão bom se torna um dos livros da nossa vida. Um calhamaço daqueles que sabemos de cor, mas que tem sempre coisas escondidas nas entrelinhas. Um calhamaço daqueles que nos orgulhamos de ler, de ter e que nos sentimos especiais por isso.
Os livros não se medem aos palmos, toda a gente que os ama de paixão sabe disso, mas apesar disso, não há nada como um bom calhamaço. Na minha vida quero que sejas um calhamaço, desses, que nos ficam para sempre.

domingo, 15 de abril de 2018

Os meus livros #21 - A Casa de Papel (Carlos María Domínguez)

SINOPSE

Os livros mudam o destino das pessoas: Hemingway incutiu em muitos o seu famoso espírito aventureiro; os intrépidos mosqueteiros de Dumas abalaram as vidas emocionais de um sem-número de leitores; Demian, de Hermann Hesse, apresentou o hinduísmo a milhares de jovens; muitos outros foram arrancados às malhas do suicídio por um vulgar livro de cozinha. Bluma Lennon foi uma das vítimas da Literatura.
Na Primavera de 1998, Bluma, uma lindíssima professora de Cambridge, acaba de comprar um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A Linha da Sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória. Intrigado, parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objectivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma.
A Casa de Papel é um romance excepcional sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.



Este é o melhor livro de sempre para quem gosta de livros, livros com alma em papel. Mais um que escolhi reler. 

sábado, 14 de abril de 2018

Os meus livros #20 - A Metamorfose (Franz Kafka)


SINOPSE


Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.


Franz Kafka é um dos mais carismáticos autores do século XX. O corpo das suas obras - na sua maioria, publicadas postumamente - destaca-se entre as mais influentes da literatura deste século. Os seus temas por excelência centram-se em torno do absurdo, da alienação, da obsessão e da culpa que geram nas suas personagens um sentimento de estranhamento. As suas obras definem uma boa parte do que ainda hoje se considera como «literatura moderna» e é considerado um precursor do realismo mágico. A Metamorfose (1912) narra o estranho caso de um caixeiro-viajante que uma manhã acorda transformado num monstruoso insecto.



Mais um que escolhi para reler, adoro-o de paixão e é só. 

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Ansião

Na mesma terra onde fui muito mal acolhida por alguém e onde prometi a mim mesma, ao sair, não voltar da mesma forma, tinha, pouco mais de um ano depois, pessoas à espera da minha chegada, para nos ajudar depois de uma queda, uma avaria e uma série de telefonemas a amigos e amigos de amigos e conhecidos de alguém. Assim que chegamos receberam-nos como se fossemos velhos amigos, tentaram ajudar em tudo o que podiam, ficaram à conversa connosco e desejaram-nos bom Caminho, com um carinho especial e um sorriso acolhedor. Saí novamente de Ansião com a certeza de que não devemos só voltar aos lugares onde fomos felizes, devemos também voltar aos lugares onde fomos infelizes e mudar isso, porque os lugares são aquilo que fazemos deles e podemos sempre fazer melhor, porque os lugares são as pessoas, são os momentos, somos nós.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Horas felizes

Fui, um destes dias, assistir a um concerto intimista de Sergey Onischenko que se realizou no Salão Nobre do Teatro Cinema da minha cidade. O músico Ucraniano chegou a nós vindo da Tanzânia, via Cairo, trazendo além do seu som, imagens e vídeos que projecta enquanto toca e nos fazem viver outras realidades, de uma forma tão intensa que por momentos me esqueci das pessoas, me esqueci da música, me esqueci do mundo e vivi nos países que Sergey visitou e filmou, onde se inspirou. Durante o concerto Sergey convidou o público a participar por diversas vezes com sons alternativos, misturando-os com as suas músicas e as suas imagens, a mim Sergey chegou com uma campainha de bicicleta, cor de rosa e pediu-me para tocar durante uma das músicas, eu fiquei mais que contente e pensei que se Sergey, no meio de todas as pessoas olhou e se dirigiu para mim com aquela campainha, é capaz de conhecer muito melhor o mundo do que aquilo que mostra através da música e das imagens. Horas felizes. Horas muito felizes.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Pessoas, digam adeus à Susana

Já aqui escrevi algumas vezes sobre ela, foi este blog que nos apresentou e as nossas tantas coisas em comum que nos uniram, os livros, as bicicletas, os gatos, os jerseys, as meias, O Caminho, a Joana. Eu gostava mesmo muito dela, tanto que se tornou ao longo do tempo uma das minhas melhores amigas e sempre que preciso uma grande confidente, estamos longe mas é como se estivéssemos perto, apesar da distância falamos praticamente todos os dias e conseguimos organizar-nos para estarmos juntas algumas vezes por ano, menos do que aquelas que gostaríamos, mas agora acabou tudo, agora não podemos continuar, agora a nossa amizade caiu num abismo irreversível. E porquê? Perguntam vocês. É fácil. A Susana sabe que sou uma pessoa fraca, sabe que não resisto a livros, sabe que tenho uma lista interminável de livros para ler e comprar, sabe que tenho imensos para ler a seguir lá em casa e nos quais ainda não toquei, sabe que prometi a mim mesma um milhão de vezes nos últimos tempos não comprar mais livros sem ler todos os que tenho, sabe que a wook não está a fazer entregas e que por isso eu estou quase a conseguir não comprar livros e o que é que ela faz? Além de me obrigar a comprar certos e determinados livros que ela leu e que diz que EU TENHO OBRIGATORIAMENTE DE LER ainda me adiciona a um MALDITO GRUPO DE TROCAS E VENDAS DE LIVROS USADOS, o que quer dizer que por culpa da Susana eu não comprei dois, nem quatro, nem seis livros nos últimos dias, eu COMPREI DEZ, DEZ LIVROS. E o que é que eu vou fazer agora? Matar a Internet? Não, não posso. Só me resta matar a Susana, a grande culpada desta tragédia, aquela que se dizia minha amiga para depois me fazer isto, aquela que eu gostava tanto. Pessoas, digam adeus à Susana. Susana, diz adeus às pessoas, és uma mulher morta. E por falar nisso, aquele acordo de... se eu morrer os meus livros ficam para ti, ainda se mantém, certo?

domingo, 8 de abril de 2018

Os meus livros #19 - A contadora de filmes (Hernan Rivera Letelier)


SINOPSE

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a Formação de Adultos, como sugestão de leitura.

Esta é a história de María Margarita, uma rapariga que revela um dom especial para narrar as histórias dos filmes a que assiste. Sempre que estreia um novo filme na cidade, toda a população contribui para pagar um bilhete de cinema a Margarita. Depois do filme, a jovem conta o que viu, de uma forma apaixonada, encarnando as personagens e transmitindo as imagens, a música e toda a emoção do cinema. É então que passa a ser conhecida como a Contadora de Filmes. Hernán Rivera Letelier foi o vencedor do prémio Alfaguara 2010, com a obra El Arte de la Ressurección, um dos mais prestigiados galardões literários de língua castelhana. No Chile, o seu país de origem, é um dos escritores com maior êxito.




O que dizer deste livro? É simplesmente um dos meus preferidos de sempre e escolho-o para reler vezes sem conta. 

sábado, 7 de abril de 2018

Os meus livros #18 - O Falador (Mario Vargas Llosa)



SINOPSE


Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.


Romance de dois mundos e duas linguagens, O Falador, de Mario Vargas Llosa, é uma obra que de novo arrasta os leitores para o interior do universo de magia e exotismo próprio do grande escritor peruano. Trata-se de uma ficção que sistematicamente contrapõe os ambientes da selva e da cidade, espelhando desse modo duas atitudes opostas face à vida e aos seus valores. Um narrador moderno e racional e o contador de histórias de uma tribo amazónica asseguram e estruturam em alternância o desenvolvimento do relato.





Invulgar mas muito interessante, principalmente para quem gosta de aprender com os livros. 

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Primavera, meu Amor

Saí de casa com previsões de chuva e consciente de que voltaria molhada, tem sido assim sistematicamente, mas a vontade é mais forte do que a meteorologia por isso saio de casa mesmo assim, com uma ligeira diferença, não vamos para longe, ficamos sempre por perto, nas nossas montanhas, desta forma é fácil voltar a casa quando começar a chover a sério. Pensava eu.
Estávamos lá em cima, nas nossas montanhas e o tempo de regressar a casa eram no máximo quinze a vinte minutos a descer pela estrada quando começou a chover, fácil. Pensava eu.
Desta vez, porém, a chuva caiu torrencialmente, as temperaturas caíram até ficarem negativas, o vento ficou mais forte do que nunca e junto com a chuva fomos atacados por saraiva, tanta que cada pedrinha, cada pedra, cada pedregulho, cada calhau nos doía no corpo todo, as pernas não tinham força para lutar contra o frio e o vento e os braços já não os sentíamos, mal conseguiam controlar a bicicleta. A estrada ficou branca, vários centímetros de altura de pedras brancas, passou um carro e perdeu o controlo, despistou-se mesmo à nossa frente, estavam bem as pessoas lá dentro, continuamos a pedalar, qualquer paragem obrigatória poderia ser fatal, não havia um abrigo, só nós a lutar contra a tempestade. Já apanhei muita chuva, muita lama, muitas tempestades, já pedalei com saraiva, com neve, com as maiores intempéries, mas esta foi a primeira vez na minha vida ao pedal que pensei estar muito perto de não conseguir voltar a casa.
Continuamos a pedalar, como se disso dependesse a nossa vida, cheguei a casa num estado inexplicável, não conseguia sequer pegar na chave para abrir a porta e entrar, quando consegui fui directa ao banho quente e fiquei lá por tempo indeterminado, pensei só que no dia seguinte voltava lá em cima às minhas montanhas. E voltei. Obrigada Primavera, meu Amor.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

As Marias

Maria Julieta veio dos gatos de rua, abandonados e esquecidos por todos, chegou-me pela associação e logo me informaram que se a queria saudável e feliz teria de ser esterilizada, assim o fiz já que a amo de paixão. Maria Alice sentou-se à porta de minha casa a chorar, vinha com alguns traumas e completamente selvagem, ficou para sempre e como, obviamente a amo de paixão, também a quero saudável e feliz pelo que semana passada foi a operar, tal como a Maria Julieta havia sido.
Maria Julieta ficou sozinha em casa na terça de manhã, altura em que coloquei Maria Alice na transportadora e com o coração apertado a deixei na clínica veterinária, quando regressei a casa ao final do dia Maria Julieta chorava, gania, gemia, Maria Julieta saltava para cima de mim, agarrava-me os pés e as pernas, não me largava um segundo, dormiu toda a noite em cima de mim e pedia mimo e a Maria Alice claro, quarta saí de casa pela manhã a dizer-lhe para se aguentar forte que ao final do dia Maria Alice regressava e seríamos as três novamente felizes para sempre. Mas quando regressei e feliz da vida devolvi Maria Alice ao seu território natural, a nossa casa, Maria Julieta em vez de ficar feliz e contente e de matar todas as saudades que teve estranhou os cheiros trazidos por Maria Alice e quis matar-nos, às duas, a mim e à pequena preta que estava ainda em recuperação, ela bufava, ela berrava, ela corria, ela reclamava e eu lá tive de aguentar uma casa que mais parecia de doidos durante dois dias, altura em que Maria Julieta já começou a suspirar e a dormir abraçada a Maria Alice novamente e até de mim já voltou a gostar, que alívio. Finalmente a paz estava instalada em casa e as Marias e eu éramos novamente felizes, não fosse o caso de no dia seguinte eu ter de levar Maria Alice à clínica para a veterinária lhe tirar o penso e ver a cicatriz, foi o medo, o horror, o pânico, não podendo arriscar a mais dois dias de loucura entre gatas, meti as duas na transportadora, Maria Alice para ir à consulta, Maria Julieta para tomar conta da ocorrência, lavrar a acta, saber o que fazemos quando ela não está, não ficar com ciúmes e principalmente não estranhar os cheiros. A veterinária riu às gargalhadas e nós as três, eu e as Marias, voltamos para casa felizes e na paz das gatas. Ámen.